sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Tabagismo, a prevenção começa nas crianças


O Canadá testemunhou uma diminuição geral na prevalência do tabagismo
em todas as faixas etárias nos últimos anos. 
No entanto, apesar do grande número de campanhas e intervenções, milhares 
de jovens canadenses continuam a iniciar
o tabagismo todos os anos. 
A crescente popularidade de produtos alternativos de tabaco e cigarros 
eletrónicos também está criando novos desafios para a saúde.
A pesquisa mostrou que os efeitos deletérios da nicotina e do fumo do cigarro
são significativos e duradouros. 
Os profissionais de saúde têm responsabilidades essenciais na prevenção do 
uso do tabaco entre os jovens e suas famílias e precisam saber mais sobre
estratégias eficazes de prevenção e cessação do tabagismo.
Os médicos precisam integrar o aconselhamento sobre o tabaco nas avaliações de
saúde dos adolescentes e estar cientes dos papéis que as famílias, comunidades e
governos podem desempenhar na promoção de ambientes livres do tabaco. 
São discutidas informações, estratégias eficazes e oportunidades para os 
profissionais de saúde intervirem e defenderem os adolescentes canadenses.
 

FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A INICIAÇÃO AO FUMO

Muitos fatores contribuem para a iniciação do tabagismo em adolescentes, mas os dois principais contribuintes são o acesso ao tabaco e as atitudes e crenças individuais sobre o tabagismo, que muitas vezes surgem do ambiente.

Acesso ao tabaco

Dados canadenses atuais revelam que, embora a maioria dos fumantes do sexto ao nono ano obtém os seus cigarros dentro de sua rede social, mais de um quarto (28%) ainda compram os seus cigarros numa loja, apesar da legislação que fixa a idade legal para comprar cigarros em 18 ou 19 anos, dependendo da província.

 

Uma proporção maior de jovens fumadores de 15 a 18 anos compram os seus próprios cigarros nas lojas, enquanto quase metade (44%) os recebe gratuitamente de familiares, amigos ou de outras pessoas. Digno de nota, uma percentagem substancial nesta faixa etária (16%) relata obter seus cigarros de "outras" fontes, que incluem cigarros comprados de amigos e fornecedores de contrabando. Na verdade, na Pesquisa de Tabagismo Juvenil de 2006/2007, 13% dos fumadores diários relataram que sua principal fonte de cigarros era o contrabando. As fontes de contrabando respondem por 18% dos cigarros fumados diariamente por adolescentes no Canadá, com números superiores a 25% em Quebec e Ontário.



https://www.jn.pt/justica/gnr-desmantelou-rede-de-fabrico-e-contrabando-de-tabaco--13933308.html

Numa análise da Health Canada, os cigarros contrabandeados mostraram conter ingredientes e um conteúdo de nicotina semelhante aos cigarros legais. É particularmente preocupante que os cigarros contrabandeados são comprados a um custo menor (ou seja, sem impostos), tornando-os mais acessíveis para jovens com recursos financeiros limitados e minando os controles legais, que são um método comprovado para reduzir o tabagismo entre adolescentes.

 

Fatores de risco ambiental

Os dois fatores mais fortes associados à iniciação do tabagismo em crianças e adolescentes são o tabagismo dos pais e a dependência de nicotina dos pais.



https://gauchazh.clicrbs.com.br/saude/vida/noticia/2014/05/Filhos-de-pais-que-fumam-tem-mais-chances-de-serem-fumantes-na-adolescencia-4498463.html

 

Certas atitudes e crenças relacionadas ao tabagismo também são preditores importantes da iniciação do tabagismo, junto com fatores independentes listados de seguida:

 

  • Idade mais avançada no momento da cessação do tabagismo pelos pais (se os pais forem ex-fumantes);
  • Baixo estatuto socioeconómico;
  • Influência dos pares e da família, incluindo a falta de apoio dos pais;
  • Desinformação sobre as consequências do tabagismo para a saúde;
  • Fácil acesso aos produtos do tabaco;
  • Influência do marketing, exposição às promoções do tabaco;
  • Experimentação anterior;
  • Depressão e condições de saúde mental;
  • Baixo desempenho escolar;



https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/filhos-de-fumadores-com-maior-risco-de-vir-fumar-em-todas-classes-socioeconomicas

 

Experiências adversas como:

  • Abuso emocional e físico ou sexual, separação dos pais ou divórcio, um membro da família que é dependente de drogas, doente mental.
  • Abuso de substâncias (o fumo geralmente precede o uso de drogas ilícitas).

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4934164/

Veja um pequeno vídeo no link que se segue:

 https://kidshealth.org/en/kids/smoking.html



Ansiedade e Pânico

 

ANSIEDADE é uma resposta biológica e psicológica normal no ser humano, que surge em acontecimentos de vida difíceis, como separações, grandes mudanças, acidentes de viação, perda de familiares e amigos, exames, intervenções médicas, etc. 

ATAQUE DE PÂNICO é um episódio de ansiedade intensa acompanhado por medo e por sensações corporais como falta de ar, tonturas, palpitações, tremores, suores e náuseas. A interpretação destas sensações corporais como estando a ocorrer um problema de saúde grave - e.g. ataque cardíaco - pode levar a um medo exagerado de perder o controlo, morrer ou enlouquecer. Estes episódios atingem a sua intensidade máxima em aproximadamente 10 minutos. 



https://www.vittude.com/blog/sintomas-crise-de-ansiedade-e-panico/

 

SINTOMAS MAIS FREQUENTES

Nestes episódios são frequentes os seguintes sintomas:

*     Dificuldade em respirar, sensação de falta de ar;

*     Ritmo cardíaco acelerado, palpitações;

*     Dor no peito;

*     Suores, tremores;

*     Náuseas, mal-estar abdominal;

*     Tonturas, dificuldade em manter o equilíbrio;

*     Medo de perder o controlo, enlouquecer ou morrer;

*     Perda da noção da realidade;

*     Perda da noção de “quem sou eu”;

*     Sensações de calor ou de frio;

*     Formigueiro nos braços e pernas.

 

O QUE PODE ACONTECER DURANTE UM ATAQUE DE PÂNICO?

*     O medo é uma reação de alerta normal, face ao confronto com uma ameaça à própria sobrevivência ou à integridade física.

*     Esta reação de alerta pode ser desencadeada sem que exista uma ameaça e originar um ataque de pânico se as sensações corporais forem interpretadas como ameaçadoras.

*     Durante um ataque de pânico é frequente que se faça uma respiração rápida e superficial - hiperventilação, o que implica um grande esforço físico, um aumento da concentração de Oxigénio no organismo e a diminuição de Dióxido de Carbono. 

*     Este desequilíbrio na concentração de Oxigénio e Dióxido de Carbono conduz ao aparecimento da sintomatologia referida, nomeadamente da sensação de falta de ar e a hiperventilação.

*     Deste modo, para reagir a um ataque de pânico deve utilizar-se uma Técnica de Controlo Respiratório que ajuda a respirar de forma lenta e profunda, evitando que a hiperventilação se prolongue.

O QUE PODE FAZER PARA CONTROLAR O ATAQUE DE PÂNICO?

*     Tente pensar em algo diferente do que está a sentir (por exemplo: descreva o que vê, conte uma história…), com o objetivo de se distrair.

*     O Controlo Respiratório permite o restabelecimento do equilíbrio dos níveis de Dióxido de Carbono e de Oxigénio, com a consequente diminuição das sensações corporais adversas.

*     Deve-se realizar o controlo respiratório sentado ou deitado e de forma a que se sinta confortável e descontraído.

*     Com esta técnica realizam-se exercícios respiratórios, através dos quais se inspira e expira de forma lenta e profunda, controlando a frequência respiratória.

*     Como executar a Técnica de Controlo Respiratório? “A respiração vai ser feita pelo diafragma (“barriga”), assim, ponha uma mão na barriga. Tente inspirar pelo nariz lenta e profundamente, de modo a que, com o ar que inspira, a barriga fique para fora (observe a barriga a encher como se fosse um balão). Depois, ao expirar, deve deitar o ar fora pela boca, e a barriga deve ir para dentro. Pode ajudar fazendo uma ligeira pressão para dentro com a mão que tem na barriga. A expiração deve ser mais lenta do que a inspiração.”

*     Para controlar a ansiedade extrema pode também utilizar outra técnica, designada por Relaxamento Muscular. Esta técnica consiste na contração e descontração dos vários músculos do corpo, permitindo diferentes sensações conforme a tensão ou o relaxamento.

*     O relaxamento deve ser realizado num ambiente calmo, sem ruído ou iluminação excessiva, em posição sentada ou deitada, de barriga para cima e de preferência com os olhos fechados. Deve ainda decorrer sem interrupções e de forma tranquila.

*     Como executar a Técnica de Relaxamento Muscular?

“Coloque-se numa posição confortável e se possível feche os olhos. Contraia todos os músculos do corpo concentrando-se na sensação de tensão que surge em cada parte do corpo, mãos e braços, ombros, boca, face, nariz, barriga, pernas e pés. Mantenha essa tensão por alguns segundos e depois relaxe. Concentre-se na diferença entre tensão e relaxamento. Repare nas sensações de conforto enquanto relaxa. Repita este exercício várias vezes até que se sinta mais relaxado. Durante a realização desta técnica tente pensar em algo agradável e respirar de forma lenta e profunda”. 

Algumas pessoas precisam de acompanhamento psicológico para conseguir gerir a ansiedade e lidar com os ataques de pânico.

Este pode ser o seu caso se:

*     Está ansioso a maior parte do tempo ou tem ataques de pânico frequentemente;

*     Sentir que a sua vida pessoal e profissional está a ser afetada;

*     Tem muita dificuldade em gerir a ansiedade;

*     Evitar determinadas situações ou locais por ter medo de ter um ataque de pânico. 

 


https://www.inem.pt/wp-content/uploads/2017/06/01-Ansiedade-e-P%C3%A2nico.pdf

 

 

quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Demasiado radical para o Guiness Book of World Records: A privação de sono e o Cérebro

Impressionado pelo peso das provas científicas, o Guiness Book of World Records deixou de reconhecer as tentativas de quebrar o recorde mundial de números de horas em privação de sono.

Recorde-se que o Guiness considera aceitável que um homem (Felix Baumgartner) suba 128 000 pés até ao limite da nossa atmosfera num balão de ar quente, munido de um fato espacial, que abra a porta da sua cápsula e suba até ao cimo de uma escada suspensa sobre o planeta, para depois se deixar cair em queda livre até à Terra a uma velocidade máxima de 1358 quilómetros por hora, quebrando a barreira do som enquanto cria um estrondo sónico apenas com o seu corpo.

1.              ROUPA | A carcaça de fibra de carbono é feita para suportar choques violentos. Dentro, o fato impedirá os intensos raios UVB
2. CAPACETE | Dentro dele haverá um sistema aquecido para evitar o congelamento do visor e pequenos microfones que farão a comunicação com a equipa
3. LUVAS | Também pressurizadas, não permitem muitos movimentos, mas terão espelhos para que o para-quedista consiga controlar os aparelhos, já que o capacete limita a visão

Mas os riscos relacionados com a privação do sono são considerados bastante elevados. Inaceitavelmente elevados na verdade, com base nas provas.

E que provas convincentes são estas? Nos próximos artigos vamos examinar exatamente porquê e como a privação do sono provoca efeitos tão devastadores no cérebro, relacionando-a com numerosas condições neurológicas e psiquiátricas (como, por exemplo, doença de Alzheimer, ansiedade, depressão, perturbação bipolar, suicídio, apoplexia e dor crónica), e em todos os sistemas fisiológicos do corpo, contribuindo adicionalmente para inúmeras perturbações e doenças (como, por exemplo, cancro, diabetes, ataques cardíacos, infertilidade, aumento de peso, obesidade e imunodeficiência).

Não existe nenhuma parte do corpo humano que seja poupada aos efeitos aterradores e nocivos da falta de sono. Como verá, dependemos do sono em termos de funcionamento social, organizacional, económico, físico, comportamental, nutricional, linguístico, cognitivo e emocional.

Este capítulo trata das consequências extremas e por vezes letais que um padrão de sono inadequado tem no cérebro. 

Fonte: Walker, Matthew; Porque dormimos?; Men’s  , fevereiro 2019, 978-989-8892-25-6 Pág 151

Partilho aqui os seguintes links  que evidenciam porque o sono faz a falta ao corpo humano:

https://canaltech.com.br/saude/quanto-tempo-o-corpo-aguenta-ficar-sem-dormir-o-que-a-privacao-do-sono-te-faz-154655/

https://www.bbc.com/portuguese/geral-42684381