sábado, 9 de maio de 2020

O meu ritmo de sono não é igual ao seu

“Embora todos os seres humanos exibam um padrão inflexível de 24 horas, os respetivos pontos máximos e mínimos são espantosamente diferentes de um indivíduo para outro. Para algumas pessoas, a altura em que se sentem mais despertas acontece logo de manhã e a sensação de sonolência ocorre ao início da noite. É o que chamamos de «tipo matutino» e engloba cerca de 40% da população. São pessoas que preferem acordar assim que o dia nasce, que ficam felizes com isto, e que funcionam no seu ponto ótimo nesta altura do dia. Outros pertencem ao «tipo vespertino», onde se encontram cerca de 30% da população. Preferem ir naturalmente para a cama tarde. Os restantes 30% das pessoas situam-se algures entre ambos os tipos, com uma ligeira inclinação para a vivência noturna.
Gráfico mostra a melatonina libertada no nosso corpo em função da hora do dia e como isso determina os diferentes cronotipos
Talvez conheça coloquialmente estes dois tipos como «madrugador» e «notívago», respetivamente. Ao contrário dos madrugadores, os notívagos são frequentemente incapazes de adormecer cedo, por muito que se esforcem. Por isso, são apenas capazes de dormir quando a madrugada já vai avançada. Como é evidente, uma vez que adormeceram tarde, os notívagos não gostam de acordar cedo. Não são capazes de funcionar corretamente nesta altura do dia, e uma das causas, para esta incapacidade é, que não obstante estarem «acordados», o cérebro continua toda a manhã num estado semelhante ao do sono. Isto é especialmente verdade numa região cerebral chamada córtex pré-frontal, que se localiza mesmo por cima dos olhos e que pode ser considerado como o escritório central do cérebro. O córtex pré-frontal controla o pensamento superior e o raciocínio lógico, assim como também ajuda a manter as emoções controladas. Quando um notívago é forçado acordar demasiado cedo, o seu córtex pré-frontal continua num estado de dormência, como se estivesse. À semelhança de um motor que está demasiado frio, demora bastante tempo a aquecer até à temperatura ideal e antes disso não vai conseguir funcionar eficientemente.



https://bigsta.net/media/2296781876395160623/
A tendência notívaga ou madrugadora de um adulto, também conhecida como cronotipo, é fortemente denominada pela genética. Se é um notívago, é provável que um ou ambos os seus progenitores também sejam. Infelizmente, a sociedade trata os notívagos de forma bastante injusta, que se se manifesta em dois aspetos distintos. O primeiro na categorização de preguiça que atribui às pessoas, com base num notívago acordar mais tarde como consequência do facto de ter adormecido também mais tarde, muitas vezes já dentro da madrugada. As outras pessoas (normalmente as madrugadoras) criticam as notívagas com a falsa presunção de que estas preferências são uma escolha e que, se não fossem tão preguiçosas, poderiam acordar facilmente mais cedo. Não obstante, os notívagos não escolhem ser assim. Estão destinados a ser assim. Estão destinados a um horário diferente e inevitável devido à construção do seu ADN. Não se trata de uma falha consciente, mas sim de uma determinação genética.”


Fonte: Walker, Matthew; Porque dormimos?; Men’s Journal, fevereiro 2019, 978-989-8892-25-6
www.terlaser.com

O Tabaco e os Medicamentos


“O tabaco pode talvez perturbar a assimilação dos medicamentos por provocar modificações na sua absorção, distribuição, assimilação e excreção. Por exemplo: é certo que o tabaco contribui para o deficiente equilíbrio de certos diabéticos insulino-dependentes; e os diabéticos que fumam tem necessidade de doses de insulina 15 a 30 vezes superiores às que são necessárias aos diabéticos que não fumam. Estes dados são bem conhecidos no que respeita à pílula contracetiva feminina: a associação pílula-tabaco provoca acidentes trombo-embólicos com uma frequência 23 vezes superior nas mulheres que fumam em relação às mulheres que não fumam nem recorrem à pílula. A maior parte dos médicos considera que o uso da pílula está contra-indicado nas mulheres que fumam e que essa contra-indicação é absolutamente formal nas grandes fumadoras (20 cigarros por dia).
Este risco está longe de ser teórico. Na prática, se a leitora fuma e toma a pílula e tem de submeter-se a uma intervenção cirúrgica, o risco de morrer por embolia pulmonar ou cerebral e 23 vezes maior que no caso contrário..um risco enorme se pensarmos que nenhuma intervenção cirúrgica é insignificante e tem os seus próprios riscos de morte.

Em conclusão: a patologia do tabaco incide em muitas localizações e atua quer diretamente quer agravando outros fatores de morbilidade. De alto a baixo, pode-se resumir isto do seguinte modo:
Crânio: perturbações nervosas ou sensoriais (audição, visão, olfato, memória,...).
Rosto: modificações cutâneas, rugas, eritema facial.
Boca: cancro dos lábios ou da língua, deterioração dentária, hálito fétido, perda do gosto.

Sistema respiratório: laringite, traqueíte, bronquite, cancro das vias respiratórias superiores, dos brônquios ou do pulmão.
Sistema cardiovascular: enfarte do miocárdio, arterite dos membros inferiores.
Aparelho digestivo: cancro da faringe ou do esófago, esofagite, úlcera duodenal.
Aparelho urinário: cancro do rim ou da bexiga.
Qualquer que seja a sua localização, esta patologia é suficientemente pesada para que o vício do fumo se tenha transformado numa das principais preocupações dos interrogatórios clínicos. Já foi possível calcular, que em França, o tabaco abrevia a vida, e é portante responsável pela morte de 70 000 pessoas por ano (das quais um pouco menos de um terço devido ao cancro do pulmão). Para fixar bem as ideias...
Compreende-se, portanto, por que motivo os oncologistas de todo o mundo dizem em coro: «O único cigarro inofensivo é aquele que não se fuma.»
Sabe-se bem que o medo é um princípio de sageza. Mas há um longo caminho entre a consciência dos perigos implícitos no hábito de fumar e a decisão final de acabar com ele“

Fonte: Roger, Jean Luc; Como Deixar de Fumar; Publicações Dom Quixote, 1984, 71308
www.terlaser.com

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Alimentos prejudiciais (em caso de ansiedade)

CAFÉ
Se tomar um café por dia, pela manhã até lhe pode aumentar os níveis de energia e fazê-lo sentir mais alerta. Contudo, grandes quantidades têm o efeito contrário. O grande pico de energia e excitabilidade que sente após tomar duas ou mais chávenas de café é precedido por um pico de fadiga. A médio prazo, tende a tornar-se um ciclo vicioso e vai necessitar de maiores quantidades de cafeína para sentir esse efeito.
HIDRATOS DE CARBONO SIMPLES
Açúcar, chocolate, bolos, rebuçados, refrigerantes, cereais empacotados, bolachas, entre outros contêm enormes quantidades de açúcar e o processo é muito semelhante ao café. ...o consumo do açúcar vai desequilibrar os níveis de serotonina, um neurotransmissor relacionado com o relaxamento. O açúcar cria picos de serotonina, o que nos dá uma certa sensação de satisfação e bem estar de curta duração, seguida de uma quebra de energia.
Num estudo com crianças hiperativas, concluiu-se que eliminando ou reduzindo a quantidade de hidratos de carbono simples, as crianças tornam-se mais calmas e com menos excitabilidade. 
ÁLCOOL
O álcool é depressivo do sistema nervoso e interfere com o equilíbrio de várias células cerebrais, descontrolando os normais ciclos do sono. Após passar o primeiro sintoma de intoxicação, que é a euforia e aquela disposição caraterística de quem bebeu demasiado, segue-se um período de profunda depressão, uma vez que as células cerebrais que consumiram o álcool ficaram esgotadas e comprometidas. É este processo que muitas vezes conduz ao alcoolismo e que muitas pessoas não conseguem entender. A par do tabaco, é uma das drogas que cria maior viciação.


GLUTÉN
Na minha opinião, fundamentada na minha prática clínica e nos milhares de artigos científicos publicados ...,posso afirmar que o glúten é um dos venenos mais nefastos dos tempos modernos. Citando o Dr. David Perlmutter, autor do livro Cérebro de Farinha, «O glúten – que em latim quer dizer “cola” – é um composto de proteínas que atuam como um agente adesivo que liga a mistura da farinha para fazer massa de pão, bolachas, bolos, pizas e outros alimentos. Quando dá uma dentada num queque fofinho ou estica a massa de uma piza antes de a pôr no forno, tem de agradecer ao glúten»
Os componentes do glúten, quando entram em contacto com o nossos organismo, desenvolvem uma série de reações químicas que, além de agredirem o intestino, agridem o cérebro e todo o sistema nervoso. Quando falamos de intolerância ao glúten, muita gente pensa na doença celíaca (manifestação levada ao extremo da intolerância ao  glúten)...mas uma pessoa pessoa pode ser intolerante ao glúten e não sofrer de doença celíaca. Essa mesma intolerância, que é comum a quase todas as pessoas, origina complicações no sistema nervoso que se podem traduzir em ansiedade, insónia, irritabilidade, depressão e mesmo burn out.

Fonte: Bravo, João; Burn Out; Casa das Letras, setembro 2019 2ªedição, 978-989-780-109-9
www.terlaser.com