terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Fumar emagrece mesmo (pelo menos alguns)

 

Mas também mata. Por isso, é capaz de não ser a melhor ideia para perder peso...

A reputação do cigarro de fazer emagrecer é antiga. Mas agora um novo estudo, que envolveu 80 mil pessoas, parece mostrar que não se trata de um mito. Um grupo de investigadores do Hospital Universitário de Copenhaga descobriu que os fumadores pesavam menos 2,268 kg do que os que nunca tinham fumado. E a causa é mesmo o tabaco, afirmam os cientistas, no estudo publicado no International Journal of Epidemiology.

As conclusões desta investigação contradizem diretamente várias anteriores, que tinham permitido associar o tabaco a um maior peso e Índice de Massa Corporal (IMC) mais elevado. A diferença poderá estar na abordagem: Os investigadores do Hospital Universitário de Copenhaga quiseram olhar para a ligação entre o peso e o cigarro do ponto de vista genético, de forma a que as conclusões não fossem afetadas por outros fatores ligados ao estilo de vida dos participantes.

Às 80.342 mil pessoas analisadas foram medidos o peso e o IMC e colhidas amostras de sangue para análise de ADN. Os cientistas debruçaram-se sobre uma variante no gene CHRNA3 associada a um maior consumo tabágico e concluíram que os fumadores com esta variação genética específica pesavam menos 1.360 kg do que os fumadores que não a tinham. Mas nos não fumadores (mesmo nos ex-fumadores), não foi encontrada qualquer ligação entre o CHRNA3 e o peso.
Segundo os investigadores, o efeito da perda de peso pode estar ligado aos químicos presentes no cigarro, mas admitem que o processo ainda não é claro

https://visao.pt/atualidade/sociedade/2015-03-18-fumar-emagrece-mesmo-pelo-menos-algunsf813598/

Será que por cerca 2,300kg vale a pena correr os riscos comprovados ao fumar?



Se a cantora Daniela Mercury consegue...? Mas será que não será assim para aqueles em que o metabolismo, maus hábitos saudáveis, genética, ou outros fatores contribuem para o aumento do peso?


segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

A influência do álcool no sono

 

Muitas pessoas acreditam que o álcool ajuda a adormecer mais depressa, ou mesmo que oferece um sono mais profundo ao longo da noite. Matthew Walker no livro “Porque dormimos?” explica que ambos os pressupostos são mentiras absolutas.

“O álcool situa-se numa classe de drogas designadas como sedativos. Cola-se aos recetores cerebrais e evita que os neurónios disparem os seus impulsos elétricos.

Dizer que o álcool é um sedativo confunde frequentemente as pessoas, já que o seu consumo em doses moderadas as ajuda a animarem-se a tornarem-se mais sociáveis. Como pode um sedativo animar uma pessoa? A resposta está no facto de que o aumento da sua capacidade de sociabilização suceda devido à sedação de uma parte do cérebro, o córtex pré-frontal, que acontece logo no início dos efeitos galopantes do consumo do álcool.

Se dermos mais tempo ao álcool, ele prossegue a sedar outras partes do cérebro, arrastando-as até um estado de entorpecimento, como já aconteceu ao córtex pré-frontal.



https://www.vigilantesdosono.com/artigo/higiene-do-sono-parte-4/

Começamos a sentir-nos mais lentos à medida que o torpor inebriado se instala. É o cérebro a ceder à sedação. O álcool tem um efeito sedativo do nosso tempo em vigília, mas não induz um sono natural. O estado das ondas cerebrais que se instala através do álcool não é semelhante ao sono natural; pelo contrário, é muito mais parecido com uma forma leve de anestesia.

No entanto, se pensarmos nos efeitos de uma bebida noturna no sono, este nem é o pior. Mais do que a influência de sedação natural, o álcool perturba o sono das pessoas em duas formas distintas.

A primeira, o álcool fragmenta o sono, preenchendo a noite de breves momentos de despertar. Logo, o sono infundido em álcool não é contínuo e por isso não é restaurador.

A segunda, o álcool é um dos repressores mais poderosos de sono REM que conhecemos. Quando o corpo metaboliza álcool, produz alguns subprodutos químicos chamados aldeídos e cetonas, ou seja, as pessoas que consomem até uma quantidade moderada de álcool à tarde e ou à noite estão, a privar-se de um sono com sonhos.

A associação portuguesa do sono ainda acrescenta:

PODE EXPERIENCIAR SONHOS INTENSOS, SONAMBULISMO E NÃO SÓ

Outro problema relativamente comum associado às bebidas alcoólicas antes de dormir são os sonhos vívidos e intensos ou, até mesmo, pesadelos. O sonambulismo é, também, uma tendência relacionada com a ingestão de álcool. Se tem apneia do sono, adormecer toldado ou embriagado pode ser particularmente perigoso. O álcool pode relaxar a via aérea, que assim se torna mais colapsável, fenómeno indesejável enquanto dorme. 

ÁLCOOL E SONO: UMA MISTURA POUCO SAUDÁVEL

Um copo de vinho pode ajudar no início da noite, no entanto, é provável que acabe por se sentir mais cansado no dia seguinte. De facto, pode ocorrer o  agravamento dos problemas de sono já existentes.

https://apsono.com/pt/24-noticias/noticias-do-sono/524-alcool-e-sono

 

 

 

domingo, 3 de dezembro de 2023

O AutoCuidado – Produção de neurotransmissores pela microbiota

 

Na continuação do tema do mês anterior, transcrevemos agora a explicação sobre a Produção de neurotransmissores pela microbiota inserido no tema  Autocuidado do livro “Não é Loucura, É Ansiedade” da Sophie Seromenho.

 

“Os neurotransmissores utilizados por diferentes bactérias intestinais têm funções importantes. Como exemplos dessas bactérias e respetivas funções temos:

·        Lactobacillus sp. e Bifidobacterium spp., que podem sintetizar ácido gama-aminobutírico (GABA);

·        Escherichia sp., Bacillus sp. ou Saccaromyces spp., que sintetizam a noradrenalina;

·        Streptococcus sp., Escherichia sp. e Enterococcus spp., que podem sintetizar serotonina;

·        Bacillus sp., que sintetizam dopamina;

·        Lactobacillus sp., que, além de sintetizar GABA, também pode sintetizar acetilcolina.

A microbiota intestinal é uma moduladora de cognição e da emoção do seu hospedeiro, neste caso, nós.

No caso do sistema 5-HT (serotonina, o neurotransmissor da «felicidade»), este desempenha um papel essencial nas funções e ações que ocorrem nestes dois órgãos principais (intestino e cérebro). Enquanto a nível cerebral a 5-Hté um neurotransmissor-chave na regulação do humor e da ansiedade, a nível intestinal este neurotransmissor tem sido implicado na hipersensibilidade visceral do trato gastrointestinal, incluindo a motilidade gastrointestinal e as secreções intestinais. Por isso, é que quando estás stressado, sentes um frio na barriga e vontade de ir à casa de banho.

Com o excesso de stress mental e físico, o descuido com o estilo de vida e uma dieta desiquilibrada, os microrganismos do aparelho digestivo ficam afetados e até podem migrar para onde não deviam.

Assim, a microbiota pode modificar-se, permite que entrem demasiadas bactérias más, e em sítios que não deviam, e deixa de oferecer benefícios, como, por exemplo, fabricar menos serotonina, entregar menos nutrientes ao resto do corpo e diminuir a imunidade.

Os níveis de stress aumentam, a inflamação aparece, existe uma sobrecarga das suprarrenais e começamos a trabalhar em modo de sobrevivência. Sentimo-nos doentes e ansiosos. Algo não está nada bem connosco!

 


https://caminhointegrativo.com.br/2020/10/07/eixo-microbiota-intestino-cerebro-pode-interferir-na-nossa-saude-mental/

Hoje em dia –felizmente! – sabe-se que não é só a genética individual que desempenha um papel importante na determinação da composição da flora intestinal e do microbioma. A ecologia da microbiota intestinal é afetada por muitos fatores, tais como doenças, medicamentos e dieta, sendo a última o principal contribuinte para a diversidade bacteriana.

Assim, a alimentação através de uma dieta desequilibrada parece ser um canal externo à genética que é fundamental na diminuição das bactérias más e na nutrição das bactérias boas. Desta forma, mudar a dieta induz a alteração ou diminuição dos neurotransmissores, causando assim um stress alimentar. O intestino fica menos vulnerável, mais fortalecido o que melhora o nosso sistema imunitário e a nossa saúde mental. Portanto, a ansiedade e a depressão podem ser moduladas de maneira eficiente pela dieta.

Ao providenciar alimentos nutritivos para o nosso corpo, teremos uma microbiota intestinal mais saudável, uma barreira intestinal mais forte, uma inflamação baixa, a produção e recaptação de serotonina adequada asseguradas, o eixo intestino-cérebro a funcionar melhor e, por fim, as nossas emoções poderão ficar mais reguladas.

Assim sendo, vamos analisar que nutrientes são essenciais à nossa saúde física e mental e que alimentos poderemos adicionar de forma a obtermos uma dieta adequada às nossas necessidades microbianas.

 

Como podemos melhorar a nossa microbiota?

Para mudarmos a nossa microbiota intestinal, é necessário começarmos por fornecer ao nosso corpo os nutrientes de que ele necessita para funcionar adequadamente.”

 

Continuaremos na próxima newsletter.