sábado, 4 de fevereiro de 2023

Estilos Parentais e o desenvolvimento da Ansiedade

 A investigação tem mostrado diversos resultados para a importância das relações precoces e das atitudes e comportamentos parentais neste âmbito, nomeadamente no que respeita aos padrões educativos dos pais. Baumrind foi uma psicóloga que estudou bastante esta temática e propôs três estilos parentais: autoritário, autorizante e permissivo.

Na definição da autora, os pais com um estilo autoritário são pouco afetivos e muito controladores e restritos.

Exercem um controlo psicológico rígido, desencorajam a independência e individualidade da criança e as trocas verbais entre eles. Tentam influenciar, controlar e avaliar o comportamento e atitudes dos filhos de acordo com um padrão absoluto, dão valor à obediência e favorecem a punição, e tentam incutir à criança valores tradicionais como o respeito pela autoridade, o trabalho, tradição e preservação da ordem.

Geralmente este estilo parental está associado a uma vinculação insegura ou ambivalente, visto que as crianças nunca foram estimuladas para desenvolver a sua autonomia, liberdade de expressão e segurança interna, nem foram expostas a atitudes de aceitação incondicional, sensibilidade às suas necessidades e disponibilidade emocional.

As crianças expostas a um estilo autoritário tendem a ter uma autoestima mais baixa, a serem mais apreensivas, receosas, inseguras, agressivas, dependentes, socialmente inibidas, com dificuldades na regulação das emoções.

Claro está, mais tarde poderão tornar-se adultos igualmente inseguros, medrosos e pouco competentes, logo, com um sistema de segurança pouco desenvolvido.

Estudos apontam para uma relação entre depressão e perturbações de ansiedade e estilos parentais depressivos.

No estilo autorizante (o ideal), os pais exercem um controlo firme, mas também são afetuosos, calorosos e responsivos às necessidades das crianças.

Encorajam a comunicação aberta e as trocas verbais entre si e os seus filhos, e promovem a sua autonomia e individualidade.



https://br.mundopsicologos.com/artigos/como-o-estilo-parental-influencia-no-desenvolvimento-dos-filhos

Partilham as razões das decisões tomadas, reconhecem os seus direitos e os da criança, tentam orientar as suas atividades de modo racional e têm uma atitude de confronto face às divergências, sem exagerar nas restrições.

Afirmam os seus valores de modo claro, esperando das crianças que cumpram as normas que lhes dizem respeito e partilham com elas as razões das decisões. Estes pais têm níveis elevados de exigência mas também de afetividade e promovem um ambiente intelectualmente estimulante para os seus filhos. Associado a este estilo parental temos a vinculação segura.

Os filhos de pais autorizantes parecem ser crianças com melhor desempenho académico, mais competentes a nível social e profissional e ter menos problemas de saúde mental e, em virtude disso, acabam por se tornar adultos seguros, confiantes e saudáveis mentalmente falando.

São pessoas sujo sistema de segurança está a par do sistema de ameaças.

Os pais com um estilo permissivo têm uma atitude tolerante e de aceitação face aos impulsos, desejos e ações da criança e evitam tomar posições de autoridade e impor controlo ou restrições aos seus filhos.

São pais pouco punitivos, permitem às crianças regular o seu próprio comportamento e tomar as suas próprias decisões sempre que possível, e exigem poucas regras de rotina.

Tanto os pais com estilo permissivo como os com um estilo autoritário fazem, segundo Baumrind, poucas exigências de maturidade e comunicam de modo ineficaz.

Este estilo parental parece comprometer o desenvolvimento académico e social das crianças, nomeadamente no que respeita à sua assertividade e responsabilidade social, demonstrando dificuldade na autonomia, regulação das emoções, baixos níveis de autocontrolo, autoconfiança, autoestima, persistência, imaturidade, dependência, impulsividade e agressividade, bem como mais comportamentos disruptivos. À semelhança do estilo parental autoritário, este estilo está associado a uma vinculação insegura e ambivalente, uma vez que a criança não consegue estabelecer com os pais uma relação de assertividade, direção e ordem, e também de compreensão, segurança e afeto. O estilo permissivo parece estar muitas vezes relacionado com a depressão e a ansiedade.

Seromenho, S. (2022). Não é Loucura, é Ansiedade - Primeiros Socorros para Combateres a Doença do Século. Lisboa: Contraponto.

Perda do Sono e o sistema reprodutor

 

Se tem esperança de ter sucesso, capacidade ou poder reprodutivo, o melhor é dormir bem todas as noites.

Pegue num grupo de jovens homens esguios e saudáveis, na casa dos 20 anos e limite-os a cinco horas de sono por noite durante uma semana como fez um grupo de investigadores da Universidade de Chicago. Se fizer uma análise hormonal aos níveis em circulação no sangue, descobrirá uma queda acentuada de testosterona em relação aos níveis apresentados anteriormente, quando se encontravam plenamente descansados. O impacto desta diminuição hormonal é tão grande que «envelhece» efetivamente um homem entre dez a quinze anos em termos de virilidade da testosterona. Os resultados da experiência apoiam a descoberta que os homens que sofrem de perturbações do sono, principalmente de apneia do sono associada com ressonar, têm níveis bastantes inferiores de testosterona quando comparados com homens da mesma idade e origem, mas que não sofrem de nenhuma perturbação do sono.

Os homens não são os únicos cuja capacidade reprodutiva fica comprometida com a falta de sono. Dormir rotineiramente menos de seis horas por noite produz uma diminuição de 20% na libertação folicular de hormonas nas mulheres - um elemento reprodutivo feminino importante que atinge o seu auge depois da ovulação e que é necessário para a conceção.



https://www.uol.com.br/vivabem/faq/aborto-espontaneo-quais-sao-os-sinais-e-possivel-reverter-tire-duvidas.htm

Num relatório que juntou as descobertas de estudos efetuados ao longo dos últimos 40 anos a mais de 100 mil mulheres trabalhadoras, constatou-se que as que trabalhavam em horários noturnos irregulares e tinham um sono com menos qualidade, como por exemplo enfermeiras que trabalhavam por turnos, apresentavam mais de 33% de ciclos menstruais irregulares do que aquelas que tinham um horário de trabalho diurno regular. Mais do que isso, as mulheres que trabalhavam em horários erráticos tinham uma probabilidade superior de sofrerem de questões de subfertilidade, o que reduz a capacidade de engravidar.

Como conclusão: Hormonas reprodutoras, órgãos reprodutores, e a própria natureza da atração física que desempenha um papel importante nas oportunidades de reprodução: todos são degradados pela falta de sono.

Fonte: Walker, Matthew; Porque dormimos?; Men’s  , fevereiro 2019, 978-989-8892-25-6 Pág 198 à 201

Carta aberta “A União Europeia deve acabar com o greenwashing da indústria do tabaco”

 

Num artigo de opinião dedicado ao Dia Mundial sem Tabaco, o Le Monde explica que a UE não deve cair na armadilha do Grande Tabaco no que diz respeito ao impacto ambiental.

Iniciado pela ACT e proposto pela assinatura durante o evento da ACT-ENSP no dia 24 de maio, este artigo visa desmantelar a informação enganosa sobre as ações “verdes” da indústria e acabar com a sua colaboração com todas as instituições públicas.

Indústria do tabaco: um desastre ambiental, da produção ao pós-consumo.

As consequências devastadoras do tabagismo na saúde pública são bem conhecidas e documentadas, pois os produtos do tabaco ainda são responsáveis por mais de 700.000 mortes por ano na Europa. No entanto, as consequências ambientais desastrosas pelas quais a Indústria do Tabaco é responsável são menos conhecidas. Ao longo de todo o ciclo de vida, os produtos do tabaco são responsáveis pela poluição e degradação ambiental, como a desflorestação, a poluição da água, do ar e do solo com produtos químicos e contaminação com microplásticos.

A cada ano, mais de 4,5 triliões de pontas de cigarros são deitadas para o chão. Quase todos eles têm um filtro de acetato de celulose acoplado, um aditivo plástico pouco degradável que pode poluir até 500l de água e que é o segundo plástico de uso único mais encontrado nas praias da União Europeia.

https://exposetobacco.org/pt/a-sujeira-por-tras-da-industria-do-tabaco/

As táticas de greenwashing da Indústria do Tabaco

Em plena contradição com esses factos, a Indústria do Tabaco multiplica as suas tentativas de se apresentar como uma indústria responsável e amiga do meio ambiente. Seja através da comunicação disponível nos sites oficiais das suas principais empresas ou da ampla divulgação e divulgação das atividades de limpeza dos resíduos da praia dos seus produtos por voluntários, a Indústria do Tabaco desvia e manipula os factos. Ela foge da sua responsabilidade ambiental ao mesmo tempo que recupera legitimidade junto das autoridades públicas.

Ao criar uma aparência de respeitabilidade, esse comportamento põe em risco várias décadas de esforços de sociedade civil e dos esforços dos governos para prevenir e denunciar as devastadoras consequências sanitárias, sociais, ambientais e económicas do consumo e produção do tabaco. Esses esforços levaram notavelmente à assinatura da Convenção-Quadro da OMS para o Controlo do Tabaco (FCTC) por 180 partes, incluindo a União Europeia, abrangendo mais de 90% da população mundial e com o objetivo de proteger as gerações presentes e futuras da indústria do tabaco.



Gestão de resíduos de tabaco: uma oportunidade de lavagem verde para a indústria

Um exemplo marcante de atividades de greenwashing é o papel atribuído à Indústria do Tabaco na gestão de pontas de cigarro. Na aplicação do princípio do poluidor-pagador, a União Europeia adotou em 2019 uma diretiva sobre produtos plásticos descartáveis, incluindo filtros de cigarro. Entre outras obrigações, este texto obrigará os produtores de tabaco a cobrir os custos relativos à limpeza, transporte e tratamento das pontas de cigarro e os Estados-Membros a desenvolverem medidas de sensibilização nesta matéria.

No entanto, sem esclarecimento por parte da Comissão Europeia, os Estados-Membros podem delegar inteiramente à Indústria do Tabaco a gestão, ou a parte da gestão, dos seus resíduos. Já é o caso de França, que confiou a todas as empresas de tabaco, unidas numa eco organização chamada ALCOME, a gestão e a comunicação sobre a poluição das suas pontas de cigarro. A ALCOME já assinou assim várias dezenas de contratos com as autarquias e já aproveita para culpar os fumadores pela sua poluição.

A União Europeia não pode cair na armadilha da Indústria do Tabaco.

Delegar essa missão ambiental à Indústria do Tabaco põe em risco décadas de políticas de saúde destinadas a manter a Indústria do Tabaco longe de qualquer missão de serviço público. Tal delegação está em flagrante contradição com o artigo 5.3 da FCTC, que exige que as partes protejam  as sua políticas dos interesses da Indústria do Tabaco.

O papel da Indústria do Tabaco deve limitar-se ao financiamento da limpeza e gestão das pontas de cigarro. A Indústria do Tabaco não deve-se envolver de forma alguma, direta ou indiretamente, na gestão ou fiscalização das pontas de cigarro e na organização de consciencialização sobre o assunto. Isso deve ser para uma organização ecológica totalmente independente do tabaco.

Nós, as organizações abaixo-assinadas, tendo já manifestado as nossas preocupações à Comissão Europeia, exortamos os Estados-Membros da União Europeia a abordarem esta questão durante o próximo Conselho Europeu do Ambiente a ter lugar em 28 de junho. A implementação de acordos internacionais de proteção da saúde pública e o meio ambiente, e em particular a FCTC e o seu artigo 5.3., deveriam convidá-los a recusar esta flagrante tentativa de greenwashing por parte da Indústria do Tabaco.

Organizational signatories

Kurt AignerPresident of the Austrian Council on Smoking and Health, Austria
Julio AncocheaASOMEGA (Asociación de Médicos Gallegos), Spain
Pavel AntonovBluelink Foundation, Bulgaria
Paolo d’ArgenioTobacco Endgame – Alleanza per un’Italia senza Tabacco, Italy
George BakhturidzeDirecteur de la Tobacco Control Alliance, Georgia
Uliana BakhPROI, Bosnia and Herzegovina
Birgit Beger, Présidente de la Smoke Free Partnership
Catherine de Bournonville, Coordination Bretonne de Tabacologie (CBT), France
Pierre Gilbert Bizel, Observatoire Santé de la Province Hainaut, Belgium
Panagiotis BehrakisGeorge D. Behrakis Research Lab Hellenic Cancer Society, Greece
Maria Sofia CattaruzzaSITAB, Italy
Luke ClancyDirecteur de la TobaccoFree Research Institute of Ireland, Republic of Ireland
Pr Bruno CrestaniFondation du Souffle, France
Fundacion de Education para la SaludSpain
Nonguebzanga Maxime CompaoreNorwegian Cancer Society, Norway
Ketty DelérisInfluenceuse en prévention des addictions, France
Joanna DidkowskaInstitut national de recherche en oncologie, Poland
Pascal DiethelmOxySuisse, Switzerland
Sonja von EichbornUnfairtobacco, BLUE 21, Germany
Marius EremiaAsociatia Aer Pur Romania, Roumania
Esteve FernándezCatalan Institute of Oncology, Spain
Raquel Fernández MeginaPrésidente de Nofumadores.org, Spain
Silvano GallusIstituto Mario Negri, Italy
Masha GavrailovaSmoke Free Bulgaria Association, Bulgaria
Gergana GeshanovaSmoke Free Loife Coalition, Bulgaria
Nijole Gostautaite MidttunCoalition pour le Contrôle du Tabac et de l’Alcool, Lituania
Suzanne Gabrielsexperte en lutte contre le tabagisme à la Fondation Belge contre le Cancer, Belgium
Nicole HassAsociación de pacientes con EPOC, APEPOC, Spain
Pr. Loïc JosseranPrésident de l’ACT-Alliance contre le Tabac, France
Danielle Van KalmthoutCoordinatrice à l’Alliance Belge pour une Société sans Tabac, Belgium
Niels Them KjærDanish Cancer Society, Danemark
Dmytro KupyraNGO Advocacy Center “Life”, Ukraine
Arben LilaKosovo Advocacy and Development Centre, Kosovo
Mihaela LovšeSlovenian Coalition for Public Health, Environment and Tobacco Control, Slovenia
Pr. Yves MartinetPrésident du Comité National contre le Tabagisme (CNCT), France
Enkeleint A. Mechili, Université de Vlora, Albania
Pr. Florin MihaltanRomanian Society of Pneumology, Roumania
Mark Murphy, Irish Heart Foundation, Republic of Ireland
Esther Nieto Garcia,FAECAP, Spain
Martin Petrovski, Institute of Public Health of the Republic of North Macedonia, Republic of North Macedonia
Krzysztof PrzewozniakSmart Health Foundation, Poland
Dr. Francisco Rodriguez Lozano, Président de l’ENSP (European Network for Smoking and Tobacco Prevention)
Luciano RuggiaDirecteur de l’Association suisse pour la prévention du tabagisme, Switzerland
Christa RustlerGerman Network for Tobacco Free Healthcare Services, Germany
Ailsa Rutter, Fresh (Making Smoking History), United Kingdom
Cécile Tonnerre,Tree6clope, France
Andrés Zamorano,CNPT Comité Nacional para la Prevención del Tabaquismo, Spain
Witold Antoni ZatońskiInstitute-European Observatory of Health Inequalities, Calisia University, Poland
Mia Zupančič, Youth Network No Excuse, Slovenia

https://ensp.network/open-letter-european-union-must-stop-tobacco-industrys-greenwashing/