quinta-feira, 7 de abril de 2022

SERÁ A "OPOSIÇÃO" O INVERSO DA ANSIEDADE?

 


Seguramente já se deparou com alguma criança cujo comportamento o fez pensar: “Que grande birra! Que criança tão desobediente”!... Mas… e se, na realidade, aquilo que viu não tiver sido oposição, desafio, mau comportamento ou desobediência?!... E se, na realidade, aquele comportamento tiver sido uma manifestação de ansiedade?!

Regra geral, quando uma criança se sente triste, chora ou fica mais “parada” ou “cabisbaixa”… Quando uma criança se sente envergonhada, pode baixar a cabeça, corar e até tentar esconder-se.

Para cada emoção, poderíamos encontrar uma descrição que se crê ser a sua única e típica forma de expressão. Sem a presença dos sinais que acreditamos representarem uma determinada emoção, facilmente assumimos que essa emoção não está lá ou não está a ser sentida.

Ao fazer esta interpretação, muitas vezes inconscientemente, corremos o risco de não sermos eficazes na forma como vamos acolher, validar, empatizar e, principalmente, reagir à emoção que aquela criança está a sentir.

A expressão das emoções pode resultar de uma interação entre diversos fatores, como o temperamento, os traços característicos do funcionamento cognitivo e emocional, ou as memórias, entre outros. 

Esta interação pode contribuir para manifestações paradoxais das emoções, ou seja, emoções como a tristeza, a vergonha ou o medo podem manifestar-se através de uma crescente irritabilidade, comportamentos de oposição ou até pelas típicas birras.

Um bom exemplo disto são os comportamentos interpretados como oposição que, na verdade, podem, naquele momento, ter como função responder à emoção ou geri-la. Imagine uma criança que, num restaurante, recusa comer. Imagine que, quando o adulto insiste para que coma, ela grita, chora e tenta sair do lugar… na realidade, esta criança pode estar a sentir medo de, por exemplo, se engasgar ou vomitar em público…. Ou imagine uma criança que recusa intensamente fazer os trabalhos de uma determinada disciplina. Esta criança pode recusar esta tarefa por prever dificuldade e sentir medo de errar ou ter má nota!

Em qualquer situação, é importante clarificar se os comportamentos de “oposição” poderão ser apenas um evitamento que permite à criança afastar-se da situação que lhe provoca uma emoção desconfortável. A oposição pode ser uma expressão de muitas emoções e não representa necessariamente um “mau comportamento”.

É frequente encontrar crianças com dificuldade em identificar e/ou comunicar o que sentem. É importante que os adultos procurem descodificar essas emoções e ajudar a própria criança a descodificá-las… para que se possa descobrir que emoção se esconde para lá do lado visível que é o comportamento.

 

Daniela Nascimento, Técnica Superior de Educação Especial e Reabilitação
Maria João Silva, Psicóloga & Psicoterapeuta

https://estrelaseouricos.sapo.pt/temas/pedagogia/sera-a-quotoposicaoquot-o-inverso-da-ansiedade-26776.html

O sono e a doença de Alzheimer

 

As duas doenças mais temidas por entre os países desenvolvidos são a demência e o cancro. Ambas estão relacionadas com o sono insuficiente.

A demência, que se centra no cérebro, a falta de sono está a tornar-se rapidamente num fator reconhecido no nosso estilo de vida que determina se podemos ou não desenvolver a doença de Alzheimer.

Esta condição, originalmente identificada em 1901 pelo médico alemão Dr. Aloysius Alzheimer, tornou-se num dos maiores desafios de saúde pública e de economia do séc. XXI. Mais de 40 milhões de pessoas sofrem desta doença debilitante. O número tem vindo a acelerar à medida que a esperança média de vida aumenta, mas também – e isso também é importante – à medida que as horas totais de sono diminuem.

O sono representa um novo candidato para a esperança nestes três aspetos: diagnóstico, prevenção e terapêutica.

https://pneumosono.com.br/blog/186-alzheimer-e-sono-qual-a-relacao

A qualidade do sono – principalmente o sono NREM profundo – deteriora-se com o avançar da idade. Isto está relacionado com o decréscimo na memória. No entanto, se examinarmos um paciente com a doença de Alzheimer, a perturbação do sono é bastante mais exagerada. Mais revelador, talvez, é o facto de que as perturbações do sono precedem o aparecimento da doença de Alzheimer em vários anos, sugerindo que pode ser um sinal antecipado desta condição, ou até um fator que pode contribui para o seu aparecimento. Depois do diagnóstico, a magnitude da perturbação do sono irá progredir em sintonia com a severidade dos sintomas do paciente, sugerindo ainda mais uma relação entre ambos. Para piorar a situação, mais de 60% dos pacientes com a doença de Alzheimer apresentam pelo menos uma perturbação de sono clinicamente verificada. A insónia é especialmente comum, como os cuidadores de um ente querido com Alzheimer muito bem saberão.

https://www.saudebemestar.pt/pt/medicina/neurologia/doenca-de-alzheimer/

É curioso, e de forma nada científica, Margaret Thatcher e Ronald Reagan – dois chefes de Estado que sempre foram muito transparentes, se não mesmo orgulhosos, em relação ao facto de dormirem apenas quatro ou cinco horas por noite – viessem ambos a desenvolver esta doença implacável.

O sono isoladamente, não poderá erradicar a demência, é apenas um dos vários fatores de risco associado ao Alzheimer.

Não obstante, dar prioridade ao sono ao longo da vida está claramente a tornar-se um fator significativo na redução do risco de Alzheimer.

Fonte: Walker, Matthew; Porque dormimos?; Men’s  , fevereiro 2019, 978-989-8892-25-6 Pág 175-181


Veja este vídeo sobre a Má qualidade do sono e Alzheimer

https://sleeplab.pt/2021/01/30/disturbios-do-sono-e-a-doenca-de-alzheimer/