segunda-feira, 6 de abril de 2020

Dormir?

“Acha que dormiu o suficiente nesta semana que passou? Consegue lembrar-se da última vez que acordou  sem ajuda do despertador, completamente descansado e sem precisar de cafeína? Se a resposta a qualquer uma destas perguntas for«Não», não está sozinho. Dois terços dos adultos de todos os países desenvolvidos não conseguem dormir as oito horas recomendadas por noite(OMS).
Duvido que fique surpreendido com este facto, mas pode ficar surpreendido com as consequências. Dormir frequentemente menos de seis ou sete horas por noite destrói o seu sistema imunitário e mais que duplica o risco de vir a ter cancro. O sono insuficiente é um dos fatores de estilo de vida que pode dterminar se vai ou não desenvolver a doença de Alzhiemer.
O sono inadequado – mesmo que sejam apenas reduções moderdaas durante uma semana – perturba os níveis de açúcar do sangue tão profundamente que poderia ser classificado de doente pré-diabético. Dormir pouco aumenta a probabilidade de as artérias coronárias ficarem bloqueadas e quebradiças, colocando-o no caminho para as doenças cardiovasculares, apoplexias e insuficiência cardíaca congestiva. Confirmando a sabedoria profética de Charlotte Brontë de que «uma mente perturbada é uma almofada inquieta», as perturbações do sono contribuem para todas as condições psiquiátricas  mais relevantes, incluem depressão, a ansiedade e as tendências suícidas.
Talvez  também tenha notado que sente mais vontade de comer
quando está cansado? Não se trata de uma coincidência. Dormir pouco aumenta a concentração de uma hormona que o faz sentir fome, ao mesmo tempo que suprime a produção de outra hormona que indica a saciedade. Apesar de estar cheio, continua a querer comer mais. É uma receita comprovada para o aumento de peso, tanto em adultos como em crianças com privação de sono. Pior do que isto, se tentar fazer uma dieta e não dormir o suficiente enquanto o faz, o seu esforço é inútil, uma vez que a maior parte do peso que perder virá de massa corporal magra e não da massa gorda.
Somando todas as consequências ao nível da saúde, torna-se mais fácil aceitar que: quanto menos dormir, mas curta será a esperança de vida. A velha máxima «Durmo quando morrer» é, assim, bastante infeliz.
Não é coincidência que os países em que as horas do sono foram mais dramaticamente reduzidas ao longo do último século,  como por exemplo os Estados Unidos, o Reino Unido, o Japão, a Coreia do Sul e vários países da Europa Ocidental sejam também os que sofreram os maiores aumentos na prevalências das doenças físicas e mentais.”

Fonte: Walker, Matthew; Porque dormimos?; Men’s Journal, fevereiro 2019, 978-989-8892-25-6

Causas de ansiedade: Controlar o incontrolável


“Na sequência deste ritmo frenético e desequilibrado, existe um tendência que gera muita angústia e ansiedade – tentar controlar o que não é controlável.
Querer ter o controlo sobre tudo que nos rodeia é uma fantasia irrealista dos tempos em que vivemos. Tudo acontece a uma velocidade frenética e muito superior à nossa capacidade de assimilar essa informação. Como não conseguimos reter toda essa informação, começamos a pensar que vamos perder o barco e esforçamo-nos em demasia, e quase sempre sem sucesso, em tentar controlar tudo. No fundo, para a nossa mente, isso tem um propósito que assenta no desejo de nos sentirmos seguros a pisar terreno sólido e sentir que temos nas nossas mãos o leme que controla a nossa vida. A grande questão é que controlar tudo o incontrolável é uma tarefa impossível, e que origina comportamentos erráticos, para além de atrair imensa ansiedade e angústia, uma vez que a sensação de perder o controlo gera estes sentimentos e imensa frustração.
As pessoas estão em movimento, a natureza está em movimento, o mundo está em movimento, o universo está em movimento, tudo está em movimento e, portanto, existem milhares de fatores que  estão muito além do nosso controlo. Tudo o que existe está em permanente mudança. A única certeza é a morte. Vivemos com o sentimento constante que existe muito a fazer e que temos pouco tempo para isso.
Mesmo que de forma inconsciente tendemos a tentar controlar todas as variáveis da nossa vida, e às vezes até as vidas dos que nos rodeiam.
Não há nada que possa controlar além de si mesmo. Se interiorar esta ideia, verá que se tornará numa pessoa mais flexível e emocionalmente estável, capaz de desfrutar da coisa mais bela que carrega consigo – o presente. O passado está irremedialmente perdido e faça o que fizer o que está lá para trás está feito. Relativamente ao futuro, admita que não sabe o que vai acontecer, portanto, não consegue controlar o futuro. Sendo assim, só lhe resta o presente.
A vida não é vivida com a mente, mas sim com os sentidos. O pensamente está na sua cabeça constantemente e interfere na sua visão sobre a realidade. Perceba que a mente orienta a sua vida baseada em experiências, medos, receios, perconceitos, ambições, desejos, entre outras coisas, o que faz com que o pensamente seja limitada por essas mesmas questões. Muitas vezes as crenças enraizadas limitam-nos. Em vez de lutar contra os pensamentos e tentar controlá-los, sugiro uma posição de aceitação e observação. Observar sem julgar.”

Fonte: Bravo, João; Burn Out; Casa das Letras, setembro 2019 2ªedição, 978-989-780-109-9

Categorias de fumadores – 1ª A procura de um estímulo

“Em primeiro lugar reflita sobre as suas motivações.
Existem seis categorias diferentes de fumadores: o que fuma para receber um estímulo, o que fuma por prazer, o que fuma para se descontrair, o que fuma para acalmar as suas ansiedades, o que fuma por absoluta necessidade e, por fim, o que fuma por hábito ou para estar entretido.
Hoje falamos sobre a 1ª categoria. O fumador, com o ato de fumar, procura um estímulo. É uma espécie de pessoa que encontramos frequentemente no nosso tipo de sociedade uma pessoa responsável que diz a si própria «necessito absolutamente disto para trabalhar, atendendo à minha atividade profissional, que me traz  permanentemente tensão...» Na realidade, abusa quase sempre e está à beira do esgotamento. Abusa de excitantes diversos que lhes dão a ilusão de manter-se em forma: o café, principalmente, mas também o álcool, a boa mesa...é um autoritário de caráter voluntarioso e agressivo, perfeitamente adaptado aos ideiais de vida desta sociedade, e que sujeita a sua vida à carreira profissional ou aos negócios. O cigarro faz parte do seu ambiente indispensável. Mas o efeito de chicotada que ele obtém com os excitantes depressa se mostra falacioso: é-lhe necessário ir aumentando incessantemente as doses e vai fumando cada vez mais , vai bebendo cada vez mais cafés, etc. Na maioria dos casos, é um grande fumador que consume dois ou três maços de cigarros. De modo que este género de fumador usa o tabaco como uma droga; no entanto, paradoxalmente,é também nesta categoria que encontramos as pessoas que mais facilmente desintoxicam.
O seu carácter frontal e voluntarioso auxilias a consegui-lo. Uma vez tomada a decisão (e a motivação pode estar então aliada à preocupação com a saúde, ao medo de cair doente ou à compreensão da nocividade dos seus efeitos), são capazes de deixar de fumar com grande facilidade. Com estas pessoas é tudo ou nada.
Mas novamente repito: tudo depende da determinação inicial. Se o leitor não está seguro da sua opção, é garantido que terá de fazer grandes esforços, para quebrar as grilhetas de uma escravidão que aceitou livremente. “ 

Fonte: Roger, Jean Luc; Como Deixar de Fumar; Publicações Dom Quixote, 1984, 71308