“O tabaco pode talvez perturbar a
assimilação dos medicamentos por provocar modificações na sua absorção,
distribuição, assimilação e excreção. Por exemplo: é certo que o tabaco
contribui para o deficiente equilíbrio de certos diabéticos insulino-dependentes;
e os diabéticos que fumam tem necessidade de doses de insulina 15 a 30 vezes
superiores às que são necessárias aos diabéticos que não fumam. Estes dados são
bem conhecidos no que respeita à pílula contracetiva feminina: a associação
pílula-tabaco provoca acidentes trombo-embólicos com uma frequência 23 vezes
superior nas mulheres que fumam em relação às mulheres que não fumam nem
recorrem à pílula. A maior parte dos médicos considera que o uso da pílula está
contra-indicado nas mulheres que fumam e que essa contra-indicação é
absolutamente formal nas grandes fumadoras (20 cigarros por dia).
Este risco está longe de ser
teórico. Na prática, se a leitora fuma e toma a pílula e tem de submeter-se a
uma intervenção cirúrgica, o risco de morrer por embolia pulmonar ou cerebral e
23 vezes maior que no caso contrário..um risco enorme se pensarmos que nenhuma
intervenção cirúrgica é insignificante e tem os seus próprios riscos de morte.
Em conclusão: a patologia do tabaco
incide em muitas localizações e atua quer diretamente quer agravando outros
fatores de morbilidade. De alto a baixo, pode-se resumir isto do seguinte modo:
Crânio:
perturbações nervosas ou sensoriais
(audição, visão, olfato, memória,...).
Rosto:
modificações cutâneas, rugas,
eritema facial.
Boca: cancro dos lábios ou da
língua, deterioração dentária, hálito fétido, perda do gosto.
Sistema respiratório: laringite,
traqueíte, bronquite, cancro das vias respiratórias superiores, dos brônquios
ou do pulmão.
Sistema cardiovascular: enfarte do
miocárdio, arterite dos membros inferiores.
Aparelho digestivo: cancro da
faringe ou do esófago, esofagite, úlcera duodenal.
Aparelho urinário: cancro do rim ou
da bexiga.
Qualquer que seja a sua
localização, esta patologia é suficientemente pesada para que o vício do fumo
se tenha transformado numa das principais preocupações dos interrogatórios
clínicos. Já foi possível calcular, que em França, o tabaco abrevia a vida, e é
portante responsável pela morte de 70 000 pessoas por ano (das quais um pouco
menos de um terço devido ao cancro do pulmão). Para fixar bem as
ideias...
Compreende-se, portanto, por que motivo os oncologistas de todo o
mundo dizem em coro: «O único cigarro inofensivo é aquele que não se fuma.»
Sabe-se bem que o medo é um
princípio de sageza. Mas há um longo caminho entre a consciência dos perigos
implícitos no hábito de fumar e a decisão final de acabar com ele“
Fonte: Roger, Jean Luc; Como Deixar
de Fumar; Publicações Dom Quixote, 1984, 71308
www.terlaser.com
Sem comentários:
Enviar um comentário