Uma vez mais, escolhemos um capítulo do livro “Não é Loucura,
É Ansiedade” da Sophie Seromenho, para divulgarmos através da newsletter
mensal. É sobre o autocuidado que se irá falar.
“O «autocuidado» é uma palavra que aparece muito agora
na Internet.
É um conceito que está na moda mas que, na verdade, é
de extrema importância. O autocuidado refere-se às atividades que toda a gente
pode e deve realizar na promoção da sua própria saúde, prevenindo doenças ou
limitando a doença, caso exista, e restaurando a saúde.
Estas atividades são realizadas sem assistência
profissional, embora exista muita informação a circular sobre este tema.
Alimentação
Antes de me pôr a falar sobre dieta e alimentação, é
importante explicar-te porque é que alimentares-te de forma adequada é crucial
para teres uma boa saúde mental e reduzires a tua ansiedade.
Microbiota intestinal
O estudo da microbiota e do microbioma intestinal (isto
é, as diferentes populações de micróbios encontrados no intestino grosso,
incluindo bactérias, arqueas e vírus, bem como a quantidade desses mesmos
microrganismos) tem revelado o papel fundamental que desempenham na modulação
da função cerebral e da saúde mental, principalmente quando falamos de depressão
e ansiedade.
Só para teres uma noção, temos três vezes mais
organismos a viver nos nossos intestinos do que as células por todo o nosso
corpo. Fascinante, não?
Só muito recentemente é que a ciência começou a
perceber melhor as implicações dessa diversidade microbiana para a saúde mental.
Muitos estudos em humanos e animais mostraram que as
vias fisiológicas que envolvem respostas inflamatórias e de stresse
provavelmente desempenham um papel importante na etiologia da depressão e
ansiedade.
Em relação à saúde mental em concreto, alguns estudos (Naseribafrouei,A.
Et. Al. (2014)) começam a mostrar tendências interessantes.
Por exemplo, pacientes diagnosticados com depressão major têm uma composição de microbiota
fecal diferente de pessoas saudáveis.
Da mesma forma, a microbiota fecal de pessoas que
sofrem de perturbações de ansiedade generalizada apresentou muito menos prevalência
de micro-organismos relevantes para a saúde mental.
E agora perguntas – e com razão - «mas o que têm os
intestinos e o cérebro que ver um com o outro?» E eu respondo – TUDO! O intestino
é o nosso segundo cérebro e se a sua saúde estiver afetada, a nossa saúde
mental também poderá estar!
A evidência tem mostrado cada vez mais que reduzir a
inflamação do intestino resultará numa menor inflamação sistémica e, por
consequência, numa melhor saúde mental.
O eixo cérebro-intestino é um sistema de comunicação
bidirecional entre o sistema nervoso central e o trato gastrointestinal, sendo
o microbioma intestinal, ou seja, a coleção de micro-organismos e seus genomas
no habitat intestinal, o mensageiro entre os dois, estabelecendo a ligação por
meio do nervo vago.
Estes micro-organismos que temos dentro de nós
deveriam ser compostos essencialmente por bactérias boas, sendo que a sua função
é sintetizar nutrientes e, lá está, neurotransmissores como a serotonina que vão
ser entregues ao corpo e ao sistema nervoso central.”
Continuaremos na próxima newsletter.
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