terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Deixar de fumar, e...?

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A presença da nicotina (alcalóide vegetal) na planta e no fumo do tabaco, com propriedades psicoativas estimulantes, tem a capacidade de alterar o estado de humor e induzir dependência física e psicológica, através dos efeitos que produz no sistema nervoso central, por processos semelhantes aos da heroína e cocaína (13, 31, 36, 40). Ao atingir o cérebro em menos de 10 segundos, após a absorção através dos pulmões e/ou mucosa da boca, fossas nasais e orofaringe, espalha-se através da corrente sanguínea a todo o organismo, e proporciona a estimulação dos centros cerebrais relacionados com o prazer, o que leva à repetição do gesto de fumar (13, 36, 40) .
Reduz o tempo de reação, melhora a atenção e a memória, reduz o stresse e a ansiedade e diminui o apetite. No entanto, induz Tolerância, ou seja, a exposição repetida à mesma quantidade de nicotina leva à redução dos efeitos inicialmente experimentados, o que leva a um aumento das doses consumidas. Pode produzir efeitos aversivos que, com o uso continuado, acabam por desaparecer, como a náusea, tosse, tonturas e ansiedade (36) .
Os Sintomas de Abstinência podem surgir após alguns dias ou semanas de uso ocasional, muitas vezes antes de um consumo diário e regular se ter instalado, após a interrupção abrupta do consumo de tabaco. Variam de indivíduo para indivíduo, podendo começar algumas horas após o último cigarro (2-12 horas), havendo um pico de sintomas pelas 24h-48horas depois, com diminuição da intensidade durante várias semanas a meses. A maioria dos sintomas dura cerca de quatro semanas, mas a ânsia de fumar pode durar seis ou mais meses (22, 23, 29, 36) . São eles a ansiedade (87%), irritabilidade (87%), frustração (87%), fúria (87%), diminuição da frequência cardíaca (80%), diminuição de concentração (73%), aumento de apetite e peso (73%), impaciência/desassossego (71%), ânsia de fumar (62%), depressão e disforia (sem história prévia de depressão: 31%; com história prévia: 75%), mal-estar físico, dores de cabeça e alterações do sono (29).
Todos estes sintomas dificultam a cessação tabágica, assim como os fatores psicológicos, pois o tabaco faz parte da rotina diária do fumador, estando associado a situações específicas que acionam o desejo de fumar (final da refeição, café), sendo também utilizado para lidar com o stress e emoções negativas, como a ansiedade (36) . Os sintomas de abstinência podem camuflar ou agravar os sintomas de outras patologias psiquiátricas ou os efeitos secundários de outros fármacos. Repetir o consumo é a forma mais fácil e rápida do fumador, em situação de privação, se voltar a sentir bem, pelo que a manutenção do 21 consumo do tabaco poderá assim ser explicada não só pelos efeitos positivos e agradáveis da nicotina, mas também pela necessidade de reverter os sintomas de abstinência (36) .
Como o uso de substâncias aditivas induz memórias de longa duração, é possível que o stress ou fatores associados ao comportamento de fumar possam despoletar sintomas agudos de abstinência em pessoas abstinentes (meses ou anos) e conduzir à recaída. As recaídas fazem parte do processo de cessação tabágica, estimando-se que um fumador realize várias tentativas seguidas de paragem antes de o conseguir com sucesso (22, 36) .
Fonte: https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/6165/1/Deixar%20Fumar%20Anabela%20Vida.pdf

www.parardefumar.pt

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