domingo, 24 de setembro de 2017

A razão e a paixão

A vossa alma é, muitas vezes, um campo de batalha em que a razão e o entendimento se encontra em guerra contra a paixão e o desejo.
Oh, pudesse ser eu o pacificador da vossa alma e transformaria a dissonância e a discórdia que em vós existem na união e na harmonia!
Mas como poderia eu fazê-lo, não sendo vós os pacificadores de vós próprios e não amando tudo o que em vós existe? A razão e a paixão são o leme e as velas da vossa alma que se faz ao mar.
Mas se as velas e o leme se desfizerem, só poderia andar à deriva ou ficar imóveis no alto mar.
Porque a razão, já de si, é uma força restritiva e a paixão sem limites é uma chama que, ao arder, provoca a sua própria destruição.
Por isso, deixai a alma inflamar a vossa razão até ao auge da paixão, até poder cantar.
E deixai que ela guie a vossa paixão com a razão que fará a paixão viver diariamente o seu renascimento, erguendo-se das próprias cinzas como o fénix. Desejaria poder ver no vosso entendimento e no vosso desejo nada mais que dois convidados que, com afeto, recebeis na vossa casa.

De O Profeta, Kahlil Gibran

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