sábado, 5 de julho de 2025

Perceção Inadequada do Sono De onde veio esta baba que tenho na camisa?

 A realidade do tempo que dormimos é, com frequência completamente diferente da perceção que temos de quanto dormimos. Muitos de nós tendem a subestimar esta quantidade de tempo de uma maneira extrema. É comum as pessoas que estão um pouco ansiosas e que dormem levemente experimentarem este tipo de sono.

Se puder experimente os próximos 7 exercícios:

1.     Case-se;

2.     À noite, veja televisão durante algum tempo com a sua cara-metade;

3.     Continue a ver televisão até que a sua alma gémea feche os olhos e adormeça;

4.     Olhe para a o relógio e registe a hora;

5.     Quando o amor da sua vida acordar, olhe novamente para o relógio. Registe a hora;

6.     Pergunte ao seu cônjuge quanto tempo dormiu. Compare a resposta com o tempo que eles /ela realmente dormiram;

7.     Quando chegar o feriado do Dia de Ação de Graças, pode repetir o exercício com a sua família alargada, dada a frequência com que as pessoas adormecem durante o jogo dos Detroit Lion.

 

É importante perceber, que a falta de perceção do sono não é normal.

O fenómeno em que uma pessoa pensa que não dorme ou que dorme uma quantidade muito reduzida de horas relativamente ao seu sono real pode ser designado como insónia paradoxal.

A insónia paradoxal pode ser um verdadeiro tormento psicológico. As pessoas gostam de dormir, e ficam muito perturbadas quando o sono não acontece de forma correta.

Para concluir, a solução poderá passar por começar a abrir a mente para a possibilidade de que isto possa estar a coincidir com os seus esforços para dormir “a noite inteira”.


https://www.jornalciencia.com/intencao-paradoxal-por-que-tentar-dormir-e-o-principal-erro-cometido-por-quem-sofre-de-insonia/

Winter, W. C. (2017). Dormir Bem Para Viver Melhor. Porto: Albatroz.

Quem segura? O Homem ou o Cigarro?

 O Fórum Digital do National Cadet Corps (NCC), é uma plataforma para cadetes partilharem as suas experiências e valores adquiridos durante os treinos do NCC. O “Cantinho dos Cadetes” pretende enriquecer quem os procura com experiências e publicações de textos e vídeos de assuntos variados.

A imagem que se segue é um exemplo em como a abordagem para o problema do tabaco não é feita diretamente para os sintomas físicos que o fumar provoca, mas sim para uma abordagem psicológica provocadora. Afinal quem é que é seguro? Quem é controlado?  


https://indiancc.mygov.in/activity/shobhit-shukla/quit-smoking/

As principais doenças psicossomáticas

 

Existe uma grande variedade, embora na vida prática haja algumas mais frequentes. Outras aparecem de longe a longe

À cabeça surgem a úlcera gastroduodenal e a gastrite. A explicação terá de ser procurada na enorme expressividade psicológica do aparelho digestivo.

Quando se passa um mau bocado, é frequente reagir perdendo o apetite; quando se quer celebrar um acontecimento positivo, organiza-se uma refeição, que é o centro nevrálgico do festejo, quando se rejeita uma pessoa ou uma situação, diz-se: «Dá-me vontade de vomitar ...» Talvez, através desta expressão, possamos compreender a abundância destas perturbações.


https://www.maitehammoud.com.br/2017/07/10/o-que-e-psicossomatica/

 

Doenças psicossomáticas mais frequentes_%:

 

- Úlcera gastroduodenal_30;

- Gastrite_14;

- Vaginismo/dor coito (dispareunia)_10;

- Colites periódicas_7;

- Cólon irritável_6;

- Crise de asma/dificuldade respiratória_5;

- Hipertensão arterial_5;

- Palpitações (taquicardia)_5;

- Amenorreia e alterações do ciclo menstrual_5;

- Dores de cabeça_5;

- Aumento da tendência sexual no homem (satiríase)_ 5;

- Outros_5;

Estes dados referem-se a um trabalho realizado em 2004 pela equipa de Enrique Rojas sobre uma amostra de 102 doentes com um protocolo de investigação rigoroso.


http://unipsicobs.com.br/artigos/doenca-psicossomatica-ou-somatizacao-entenda-a-diferenca/

Rojas, E. (2019). SOS Ansiedade. Lisboa: Cafilesa - Soluções Gráficas, Lda.

quarta-feira, 4 de junho de 2025

Distúrbios do sono na infância Medos e sonambulismo

 

“Mãe, quero ir para a tua cama”

Horas de sono que se transformam num verdadeiro pesadelo não são queixas só de gente adulta. Também as crianças, embora em menor escala, podem ser afetadas por estas perturbações, o que origina, dependendo da gravidade e da duração da situação, um decréscimo do aproveitamento escolar...

Medos e sonambulismo

Desordens do despertar

Tratam-se de fenómenos físicos, agudos e episódicos, que ocorrem após o início do sono. Parassónias é a designação clínica para estes acontecimentos, que geralmente estão interligados. Ambos são mais frequentes em rapazes, entre os três e os cinco anos, embora possa ocorrer em qualquer idade.

“Alguns autores chamam-lhes ‘desordens do despertar’, pois ocorrem de forma abrupta, com confusão, desorientação e amnésia retrógrada”, afirma a otorrinolaringologista.

Sintomas:

O sonambulismo e terrores noturnos ocorrem no princípio da noite – 15 a 20 minutos após o início do sono.

O quadro clínico incluí sinais de terror, como taquicardia, suores e gritos; amnésia retrógrada; comportamentos estereotipados; sentado com os olhos vidrados, fazendo movimentos ou deslocando-se pela casa; e até reações violentas, quando os seus movimentos são contrariados. Após o evento, a criança regressa à cama como se nada se tivesse passado. No dia seguinte, não se recorda de nada.

 

Causas:

Sendo ainda uma pergunta sem resposta consensual, sabe-se que existem fatores externos capazes de desencadear um ataque de terror noturno. De entre estes, Anselmo Pinto refere: “o stress; alguns tipos de medicação; privação de sono; e dormir em lugares estranhos.”

Em relação ao sonambulismo, geralmente há uma história familiar associada.

Diagnóstico:

Regra geral, o diagnóstico nas crianças, é feito pela história clínica, pessoal e familiar. “No entanto, a comprovação das suspeitas só poderá ser realizada com segurança por meio de uma eletromiografia, realizada durante uma polis sonografia,” acrescenta

Tratamento:

Na maioria dos casos, passa com a puberdade. No entanto, o especialista recomenda uma boa higiene de sono, isto é, hábitos de dormir saudáveis. “De entre estes, contam-se horas certas para ir para a cama; alimentação ligeira à noite; evitar filmes violentos. Um bom ambiente familiar e afetividade para com a criança melhoram estas situações.”

O que fazer perante esta situação?

O otorrinolaringologista aconselha: “Não dizer à criança que está a sonhar e o que sente não é verdadeiro. Deve acalmá-la, mas sem a contrariá-la. Fale calmamente, não force o contacto físico para contrariar os movimentos, mas coloque-se no caminho dela, comportando-se de uma maneira passiva, quando está em risco a integridade da criança.”

Sendo uma situação que não é lembrada no dia seguinte, também não deve ser mencionada, uma vez que isto pode criar o medo da noite.


https://quindim.com.br/blog/terror-noturno-em-criancas/

Como acabar com os TERRORES NOTURNOS. (2003). CRESCER, 30-31.

História do Dia Mundial Sem Tabaco Dia Mundial Sem Tabaco no Reino Unido

 

O Dia Mundial Sem Tabaco é um evento que visa consciencializar sobre os perigos do uso do tabaco e a importância de defender políticas para reduzir o consumo. Diversos programas são organizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para destacar os efeitos nocivos do tabagismo e da exposição passiva ao fumo, bem como as medidas que podem ser tomadas para combater este problema de saúde pública.


O primeiro Dia Mundial Sem Tabaco foi realizado em 1987, a partir da resolução da Assembleia Mundial da Saúde da OMS, de 1986, para se concentrarem na epidemia global do tabaco. Com aproximadamente 78.000 mortes relacionadas ao tabagismo a cada ano, estima-se que 1 em cada 4 casos de cancro no Reino Unido seja atribuído ao uso do tabaco. O tabagismo é identificado como a principal causa evitável de doenças, incapacidades e mortes prematuras no Reino Unido.

Para marcar o Dia Mundial Sem Tabaco no Reino Unido, são organizados eventos como campanhas de consciencialização pública, programas educacionais em escolas e grupos de apoio para parar de fumar. Instituições de caridade nacionais de saúde e fundos locais do NHS frequentemente trabalham em conjunto para garantir um impacto abrangente que vai além do próprio Dia Mundial Sem Tabaco. Celebrado anualmente em 31 de maio, este evento representa uma oportunidade ideal para os cidadãos britânicos se comprometerem com um estilo de vida mais saudável e sem tabaco e promoverem mudanças positivas mais amplas na sociedade.

Fatos sobre o Dia Mundial Sem Tabaco

- De acordo com a Organização Mundial da Saúde, quase 80% do bilhão de fumantes do mundo vivem em países de baixa e média renda.

- Arsênio, chumbo e alcatrão são apenas três das 7.000 substâncias químicas encontradas no fumo do tabaco.

- Globalmente, a prevalência do tabagismo é maior entre os homens, com cerca de 32% dos homens sendo fumantes, em comparação com aproximadamente 9% das mulheres.

- As taxas de tabagismo diminuíram significativamente no Reino Unido nas últimas décadas. De acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas, em 2021, 13,0% da população adulta do Reino Unido era fumante, uma queda em relação aos 20,2% em 2011.

- Todos os anos, cerca de 78.000 mortes no Reino Unido são atribuídas ao tabagismo, tornando-o a principal causa de mortes evitáveis ​​no país.

 

DIA MUNDIAL SEM TABACO

Hoje, nos unimos à comunidade global para comemorar o Dia Mundial Sem Tabaco, com o tema "Protegendo as crianças da interferência da indústria do tabaco". O tema deste ano destaca as táticas da indústria do tabaco para atingir os jovens e prejudicar a saúde pública.



Principais atividades para fazer no Reino Unido no Dia Mundial Sem Tabaco

- Eduque jovens e adolescentes da sua vizinhança sobre os efeitos negativos do tabagismo e incentive-os a parar, caso já tenham adquirido o hábito. A melhor maneira de erradicar o tabagismo é educar a nova geração sobre os efeitos negativos do uso do tabaco.

- Seja voluntário no programa Freedom from Smoking ou em outro programa semelhante que ajude fumadores a parar de fumar

- Assista a um documentário sobre os perigos do consumo de tabaco no Reino Unido.

 

Aqui estão as nossas principais escolhas:

1. Yes, I Smoke: A Short Documentary On Smoking in Britain (2020) - Este documentário estudantil explora a cultura do tabagismo na Grã-Bretanha, por que as pessoas optam por fumar apesar dos perigos conhecidos e os desafios enfrentados por aqueles que desejam parar.

2. SmokeScreen (2019) - Este curta-metragem produzido pela Royal Society for Public Health destaca os perigos do tabagismo no Reino Unido e os esforços contínuos para incentivar as pessoas a parar.

3. Panorama: Smoke and Mirrors (2015) - Este documentário investigativo da BBC analisa as táticas usadas pela indústria do tabaco para minar as campanhas de saúde pública no Reino Unido.

Participe hoje mesmo no desafio para parar de fumar. Cidadãos do Reino Unido são incentivados a se comprometer a parar de fumar por um período de tempo e a compartilhar seu progresso com outras pessoas.


https://www.wincalendar.com/uk/World-No-Tobacco-Day

Os caminhos da ansiedade (Cont.)

 

Se bem se recorda tínhamos ficado em dar a resposta à seguinte pergunta:

Porque é que em alguns casos, a ansiedade escolhe a via física (do corpo) ou a corporalidade (corpo interno, o Intra corpo ou o corpo vivido) e, noutros, a direção psíquica ou os mecanismos de defesa anómalos?

A resposta terá de ser procurada nestas secções:

a.     Quando a personalidade é mais forte, geralmente a ansiedade encaminha-se para o corpo;

 

b.     Também se esse sujeito é narcisista, inseguro e teve, ao longo da sua vida, aprendizagens próximas do tipo apreensivo (viver com uma pessoa doente durante muito tempo; ter estado próximo de uma pessoa inquieta, hipocondríaca, que andou sempre a consultar médicos, a falar de doenças, análises, etc.; numa palavra, que aprendeu a viver a observar-se fisicamente e que, com o passar do tempo, não consegue libertar-se da tendência para estar sempre atento a sintomas, sensações, doenças, etc.,; ter desde pequeno, sofrido de alguma doença, que o pôs em contacto com a medicina e daí ter sido iniciado nesse percurso hipocondríaco);

 

 

c.       A ansiedade escolhe o pleno psíquico quando a personalidade é mais fraca e/ou a ansiedade ocorreu na forma de crise ou ataques inesperados que o levaram a fazer interpretações erróneas do local que esta se produziu. Pensemos na pessoa que teve uma crise de ansiedade durante uma viagem de avião e, que a partir daí, mediante uma série raciocínios pessoais com pouca base real, mas carregados de afetividade, chega à «conclusão» de que o seu problema está em não poder entrar num avião porque se vai sentir mal e fazer com que as crises se desencadeiem... E assim, lentamente instala-se a fobia de viajar de avião por se ter elevado o nível de importância do local onde ocorreu a experiência negativa, dando-lhe uma dimensão inadequada e que, a longo prazo, vai conduzir a uma nova doença, a fobia;

d.     Em sujeitos introvertidos, escrupulosos, com antecedentes obsessivos na família, costuma ocorrer uma trajetória que vai da angústia à fobia e desta à obsessão; noutras ocasiões, o salto é direto; da ansiedade para a obsessão;

 

e.     Quando a personalidade não é classificada nem como forte nem como fraca e também não há antecedentes fóbico-obsessivos, mas, pelo contrário, o referido sujeito é portador de uma personalidade desequilibrada, desajustada ou, usando termos de psiquiatria americana, tem um transtorno de personalidade, nesses casos a corrente ansiosa vai procurar mecanismos de defesa anómalos, inadequados. Os mais clássicos são o hábito alcoólico que, a longo prazo, conduz a uma dependência importante, e o deslizamento para uma conduta sexual hiperativa e primária; ambos levam a uma degradação da personalidade. Mais modernamente existem três «escapadelas» brilhantes: o haxixe, a cocaína e a droga número um: a heroína; por outro lado, as fugas para a frente, plurais e complexas, cuja fatura vai ao encontro do sujeito no fim do caminho.

 

Duas palavras sobre a ansiedade como fonte de maturidade da personalidade. Falamos da ansiedade positiva.

Aqui, uma experiência dura e negativa como a de se deixar ir ao fundo e viver em e com base na ansiedade, conduz por caminhos paradoxais – as rotas do sofrimento têm sempre ingredientes de amadurecimento pessoal – a um saldo positivo.



https://www.bradescoseguros.com.br/clientes/noticias/noticia/o-lado-bom-da-ansiedade

Rojas, E. (2019). SOS Ansiedade. Lisboa: Cafilesa - Soluções Gráficas, Lda.


domingo, 4 de maio de 2025

Distúrbios do sono na infância Como acabar com os Terrores Noturnos

 “Mãe, quero ir para a tua cama”

Horas de sono que se transformam num verdadeiro pesadelo não são queixas só de gente adulta. Também as crianças, embora em menor escala, podem ser afetadas por estas perturbações, o que origina, dependendo da gravidade e da duração da situação, um decréscimo do aproveitamento escolar...

Apneia do Sono

Interrupção Respiratória

Traduz-se na paragem da respiração mais ou menos longa, conduzindo habitualmente ao despertar da criança.

Sintomas:

Agitação noturna: dificuldade em respirar; roncopatia; suores noturnos, principalmente na face; consequências diurnas da fragmentação do sono e baixa oxigenação noturna.

Causas:

Esta patologia é causada pela diminuição do diâmetro da via aérea. “Nas crianças, esta redução do diâmetro deve-se, na maioria dos casos, a um aumento exagerado das amígdalas e/ou adenoides,” diz o otorrinolaringologista Anselmo Pinto

Diagnóstico:

Como explica o otorrinolaringologista: “ A história narrada especialmente pelos pais, é a ajuda mais importante para se chegar ao diagnóstico.”


Tratamento:

Caso surjam sinais ou sintomas, a criança deve consultar o seu otorrinolaringologista.

A melhoria da via aérea é o alvo principal, se não existirem outras doenças. “ O tratamento vai depender do diagnóstico e da gravidade, podendo ir desde o simples uso da água salgada, passando por descongestionantes nasais locais ou sistémicos, até à cirurgia. Destas, as mais frequentes são a adenoidectomia, com ou sem amigdalectomia” explica Anselmo Pinto

REGRAS DE OURO

Independentemente da causa, uma boa higiene do sono ajuda a dormir melhor.

Confira as regras básicas e dê ao seu filho (e não só) um soninho descansado...

- Nunca o acorde quando estiver saudavelmente a dormir;

- Não lhe leve comida à cama. Quando o bebé adormece com a ajuda da mãe que o carrega ao colo, embala ou alimenta, necessitará dessa ajuda sempre que acordar;

- Deite-o ainda acordado. Assim, se acordar a meio da noite, sabe onde se encontra e não pede ajuda para voltar a dormir;

- Habitue-o a adormecer sozinho. Faça com que controle o seu próprio sono;

- Estipule uma hora certa para levá-lo para a cama. O sono também se aprende com o hábito;

- Lembre-se que a sesta é apenas um complemento para o sono noturno e nunca um substituto;

- Explique-lhe que a noite foi feita para dormir. Propicie um ambiente calmo antes da hora de ir para a cama;

- Para consolidar o sono sem interrupções, reduza gradualmente o hábito alimentar noturno.


https://revistacrescer.globo.com/Criancas/Sono/noticia/2014/05/desvendando-o-pesadelo-do-seu-filho.html

Como acabar com os TERRORES NOTURNOS. (2003). CRESCER, 30-31.

Uso de substâncias e mudança de comportamento

 

Durante a sua vida, muitas pessoas experimentam substâncias potencialmente produtoras de dependência. Diferenças em termos de constituição genética explicam uma parte importante das variações no consumo de substâncias psicoativas e o próprio desenvolvimento de dependência em determinados indivíduos.

Mas existem também diferenças individuais quanto a esta vulnerabilidade derivadas de vários fatores biológicos, pessoais, familiares, sociais, culturais, ambientais e relacionados com cada substância utilizada que se conjugam para aumentar ou diminuir as probabilidades de um qualquer indivíduo vir a usar uma substância. Muitos desses fatores não estão associados apenas à experimentação ou ao uso inicial de uma substância, mas também aos processos que levam ao seu uso regular e continuado, bem como à sua interrupção (Vaillant, 2004; OMS, 2004, Ferreira-Borges et al., 2004).

Para alguns indivíduos, o uso continuado de uma substância carateriza-se por um aumento do consumo de forma a dar resposta a neuroadaptações e à progressiva presença de uma síndrome de abstinência caraterizada por uma necessidade urgente de repor uma determinada substância no organismo, de forma a evitar os sintomas fisiológicos, cognitivos e emocionais caraterísticos de uma dependência física.

Os mecanismos neurobiológicos que estão na base desta dependência foram já propostos para uma série de substâncias. Basicamente, e com a administração crónica, verifica-se a ocorrência de uma série de neuro adaptações (a nível genético, molecular e celular) em regiões distintas do cérebro (em especial no mesencéfalo, estriado, tálamo, córtex pré-frontal e áreas límbicas) que reagem aos efeitos das substâncias no sentido de manter a homeostase interna, o que é visível através do desenvolvimento da tolerância (em termos gerais os neurónios adaptam-se a uma exposição repetida da substância, só funcionando na sua presença).

Quando o uso da substância é interrompido, estas neuro adaptações persistem, o que se evidência pelo síndrome de abstinência. O desconforto provocado por estas alterações e a evitação da síndrome de abstinência é também uma poderosa motivação para continuar a usar pelo que a desintoxicação ganha, neste caso, um papel primordial na intervenção.

Paralelamente a estas caraterísticas, podem ainda manifestar-se outros aspetos relacionados com uma associação e memorização de todo o contexto de utilização de uma substância e os seus efeitos, uma vontade intensa (craving) de usar, uma perda de controlo em relação à decisão de usar ou não e um padrão compulsivo de busca e utilização da substância, que podem persistir para além da desintoxicação e explicam em parte as recaídas após longos períodos de abstinência. Estes aspetos correspondem ao desenvolvimento de processos mentais complexos que caraterizam um tipo de dependência mais comportamental (Kaplan et al., 1997), conhecida como a adição.


https://josefelixrodriguezantonweb.com/2020/02/22/craving/

Filho, C. F.-B. (2007). Intervenções Breves: Tabaco - Manual Técnico e Cd-Rom. Lisboa: Rolo & Filhos II, S. A. - Mafra.