domingo, 4 de maio de 2025

Distúrbios do sono na infância Como acabar com os Terrores Noturnos

 “Mãe, quero ir para a tua cama”

Horas de sono que se transformam num verdadeiro pesadelo não são queixas só de gente adulta. Também as crianças, embora em menor escala, podem ser afetadas por estas perturbações, o que origina, dependendo da gravidade e da duração da situação, um decréscimo do aproveitamento escolar...

Apneia do Sono

Interrupção Respiratória

Traduz-se na paragem da respiração mais ou menos longa, conduzindo habitualmente ao despertar da criança.

Sintomas:

Agitação noturna: dificuldade em respirar; roncopatia; suores noturnos, principalmente na face; consequências diurnas da fragmentação do sono e baixa oxigenação noturna.

Causas:

Esta patologia é causada pela diminuição do diâmetro da via aérea. “Nas crianças, esta redução do diâmetro deve-se, na maioria dos casos, a um aumento exagerado das amígdalas e/ou adenoides,” diz o otorrinolaringologista Anselmo Pinto

Diagnóstico:

Como explica o otorrinolaringologista: “ A história narrada especialmente pelos pais, é a ajuda mais importante para se chegar ao diagnóstico.”


Tratamento:

Caso surjam sinais ou sintomas, a criança deve consultar o seu otorrinolaringologista.

A melhoria da via aérea é o alvo principal, se não existirem outras doenças. “ O tratamento vai depender do diagnóstico e da gravidade, podendo ir desde o simples uso da água salgada, passando por descongestionantes nasais locais ou sistémicos, até à cirurgia. Destas, as mais frequentes são a adenoidectomia, com ou sem amigdalectomia” explica Anselmo Pinto

REGRAS DE OURO

Independentemente da causa, uma boa higiene do sono ajuda a dormir melhor.

Confira as regras básicas e dê ao seu filho (e não só) um soninho descansado...

- Nunca o acorde quando estiver saudavelmente a dormir;

- Não lhe leve comida à cama. Quando o bebé adormece com a ajuda da mãe que o carrega ao colo, embala ou alimenta, necessitará dessa ajuda sempre que acordar;

- Deite-o ainda acordado. Assim, se acordar a meio da noite, sabe onde se encontra e não pede ajuda para voltar a dormir;

- Habitue-o a adormecer sozinho. Faça com que controle o seu próprio sono;

- Estipule uma hora certa para levá-lo para a cama. O sono também se aprende com o hábito;

- Lembre-se que a sesta é apenas um complemento para o sono noturno e nunca um substituto;

- Explique-lhe que a noite foi feita para dormir. Propicie um ambiente calmo antes da hora de ir para a cama;

- Para consolidar o sono sem interrupções, reduza gradualmente o hábito alimentar noturno.


https://revistacrescer.globo.com/Criancas/Sono/noticia/2014/05/desvendando-o-pesadelo-do-seu-filho.html

Como acabar com os TERRORES NOTURNOS. (2003). CRESCER, 30-31.

Uso de substâncias e mudança de comportamento

 

Durante a sua vida, muitas pessoas experimentam substâncias potencialmente produtoras de dependência. Diferenças em termos de constituição genética explicam uma parte importante das variações no consumo de substâncias psicoativas e o próprio desenvolvimento de dependência em determinados indivíduos.

Mas existem também diferenças individuais quanto a esta vulnerabilidade derivadas de vários fatores biológicos, pessoais, familiares, sociais, culturais, ambientais e relacionados com cada substância utilizada que se conjugam para aumentar ou diminuir as probabilidades de um qualquer indivíduo vir a usar uma substância. Muitos desses fatores não estão associados apenas à experimentação ou ao uso inicial de uma substância, mas também aos processos que levam ao seu uso regular e continuado, bem como à sua interrupção (Vaillant, 2004; OMS, 2004, Ferreira-Borges et al., 2004).

Para alguns indivíduos, o uso continuado de uma substância carateriza-se por um aumento do consumo de forma a dar resposta a neuroadaptações e à progressiva presença de uma síndrome de abstinência caraterizada por uma necessidade urgente de repor uma determinada substância no organismo, de forma a evitar os sintomas fisiológicos, cognitivos e emocionais caraterísticos de uma dependência física.

Os mecanismos neurobiológicos que estão na base desta dependência foram já propostos para uma série de substâncias. Basicamente, e com a administração crónica, verifica-se a ocorrência de uma série de neuro adaptações (a nível genético, molecular e celular) em regiões distintas do cérebro (em especial no mesencéfalo, estriado, tálamo, córtex pré-frontal e áreas límbicas) que reagem aos efeitos das substâncias no sentido de manter a homeostase interna, o que é visível através do desenvolvimento da tolerância (em termos gerais os neurónios adaptam-se a uma exposição repetida da substância, só funcionando na sua presença).

Quando o uso da substância é interrompido, estas neuro adaptações persistem, o que se evidência pelo síndrome de abstinência. O desconforto provocado por estas alterações e a evitação da síndrome de abstinência é também uma poderosa motivação para continuar a usar pelo que a desintoxicação ganha, neste caso, um papel primordial na intervenção.

Paralelamente a estas caraterísticas, podem ainda manifestar-se outros aspetos relacionados com uma associação e memorização de todo o contexto de utilização de uma substância e os seus efeitos, uma vontade intensa (craving) de usar, uma perda de controlo em relação à decisão de usar ou não e um padrão compulsivo de busca e utilização da substância, que podem persistir para além da desintoxicação e explicam em parte as recaídas após longos períodos de abstinência. Estes aspetos correspondem ao desenvolvimento de processos mentais complexos que caraterizam um tipo de dependência mais comportamental (Kaplan et al., 1997), conhecida como a adição.


https://josefelixrodriguezantonweb.com/2020/02/22/craving/

Filho, C. F.-B. (2007). Intervenções Breves: Tabaco - Manual Técnico e Cd-Rom. Lisboa: Rolo & Filhos II, S. A. - Mafra.

 

 

 

Os caminhos da ansiedade

 

As estruturas neurobiológicas implicadas na ansiedade são muitas, que dão lugar a uma ampla gama de manifestações.

Da ansiedade derivam diversos caminhos patológicos que podem ser esquematizados nas seguintes secções: corpo ou plano biológico; corporalidade ou campo das sensações difusas espalhadas pela geografia do corpo e vividas anteriormente; o plano psíquico; e, por último, os mecanismos de defesa da personalidade.

Deveria ser mencionado, ainda que só de passagem, o que pode significar a ansiedade como elemento promotor da maturidade da personalidade, desde que o seu impacto emocional não acabe por neurotizar o referido sujeito. Vejamos cada plano em separado.

1.     Se nos ativermos à ansiedade que escolhe a senda do plano biológico, vamos encontrar, logo de início, as crises de ansiedade[i], os ataques de pânico, os episódios, períodos e estados ansiosos. Em todos, a vivência é tudo menos agradável devido a grandes descargas de adrenalina.

Quando está associada a tensões psicológicas, familiares, sociais e/ou profissionais, se estas são intensas e prolongadas, irá aparecendo uma nova «doença» que pode escolher três caminhos: a musculatura lisa, que é aquela que envolve os órgãos; é formada por fibras que se dispõem paralelamente em fascículos e formam camadas musculares dos mesmos; é dotada de movimentos involuntários; a musculatura estriada, que é mais comprida e constituída por traços e sulcos que lhe dão essa forma peculiar de estrias. São músculos voluntários, excetos os cardíacos: braços, pernas, cara, etc., são na sua maioria, músculos que cobrem o esqueleto humano; o terceiro caminho é a estética corporal, hoje em voga, e que apresenta uma grande patologia, sobretudo na adolescência feminina.

Ocorre-nos imediatamente uma pergunta: porque é que em alguns casos, a ansiedade escolhe a via física (do corpo) ou a corporalidade (corpo interno, o intracorpo ou o corpo vivido) e, noutros, a direção psíquica ou os mecanismos de defesa anómalos?

No próximo mês/artigo obterá a resposta.


https://observador.pt/2017/02/18/enrique-rojas-90-das-pessoas-que-tem-crises-de-ansiedade-curam-se/



[i] As crises de pânico são breves, inesperadas e de uma intensidade tal que, nos casos mais agudos, surgem três espetros ameaçadores: o temor da morte, o temor da loucura e o medo de perder o controlo. Nos três há um denominador comum: uma série ameaça à integridade pessoal.

Rojas, E. (2019). SOS Ansiedade. Lisboa: Cafilesa - Soluções Gráficas, Lda.