sábado, 4 de novembro de 2023

Comportamentos de Risco_O Complexo Desenvolvimento da Adolescência

 

Maria Celeste Rocha Simões em 2005 fez uma dissertação sobre os comportamentos de risco na adolescência. Iniciamo-nos na análise do desenvolvimento da adolescência, com destaque principal para os principais contextos onde decorre este desenvolvimento.

 

“A adolescência é um tempo de crescimento, de desenvolvimento de uma progressiva maturidade a nível biológico, cognitivo, social e emocional.

Nas sociedades modernas não existe um acontecimento único que marque o fim da infância ou o início da adolescência. Esta transição envolve um conjunto de mudanças graduais em múltiplas esferas da condição humana, que ocorrem durante um período mais ou menos alargado, e que preenchem toda a adolescência (V. Fonseca, 1986; Steinberg, 1998).

Como foi referido, a adolescência é um tempo de grandes mudanças a vários níveis: físico, cognitivo, emocional e social. O adolescente tem pois de se adaptar às novas circunstâncias, que lhe dão um novo olhar sobre o mundo e sobre si próprio.

Várias teorias procuram explicar o desenvolvimento humano. Algumas delas, as chamadas teorias de estádio como, por exemplo, a teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget, a teoria epigenética de Erikson, a teoria do desenvolvimento moral de Kohlberg, ou a teoria do desenvolvimento interpessoal de Sullivan, salientam aspetos específicos na adolescência como motores de evolução: a aquisição das operações formais, a procura e estabelecimento de uma identidade pessoal, a aquisição de uma moral convencional ou uma maior orientação para os amigos.

Outras teorias, como por exemplo a da aprendizagem social, apresentam um processo global de aprendizagem independente da etapa da vida do indivíduo, processo este responsável pela aquisição de grande parte do reportório comportamental individual.

Outras falam de um conceito interessante, as “arenas de conforto”, como é o caso da teoria focal de J. C. Coleman (1974), que refere que a adaptação às mudanças na adolescência será mais fácil se o adolescente se sentir bem nos contextos que lhe são significativos. Estes contextos são a família, os amigos e a escola.

Apesar de recentemente ter surgido uma teoria que desvaloriza o papel da família no desenvolvimento do adolescente, a teoria da socialização de grupo de J. R. Harris (1995), a maioria dos autores e da investigação realizada em torno do papel da família, mostra que a família ocupa um lugar de destaque na socialização do adolescente.

À família é atribuída a passagem de atitudes, valores e normas de conduta que irão guiar o adolescente na sua vida presente e futura.

Os pais têm ainda a função de servir de apoio e suporte afetivo, constituindo assim um elemento facilitador da adaptação do adolescente às novas circunstâncias de vida.

Alguns jovens desenvolvem-se em contextos familiares estáveis a nível emocional, social, económico, etc., o que faculta a passagem do jovem pela adolescência. Outros porém, pertencem a famílias em situação de desvantagem que muitas vezes constituem um risco adicional para além dos inerentes à própria adolescência. (J. R. Harris, 1995)

 

                                                                    https://i0.wp.com/psitalk.org/wp-content/uploads/2015/06/adolescencia.jpg?ssl=1

Os amigos constituem um outro importante espaço de desenvolvimento. Nesta fase da vida é atribuída uma especial importância aos amigos.

Dada a sua similaridade em termos etários, estes são uma boa fonte para comparação social a nível de valores e atitudes relacionadas com formas de estar e de agir. Dados de estudos apontam a falta de amigos como fator preditivo de problemas de saúde mental.

No entanto, os amigos são também uma fonte de influência para o comportamento desviante. Encontra-se assim algo paradoxal: se não se tem amigos, não se está bem; com amigos fica-se mal.

É claro que a realidade não é assim tão linear: nem todos os amigos são fonte de más influências e nem todos os adolescentes se deixam facilmente influenciar.

Por último a escola. A escola apresenta, tal como os contextos anteriores, um forte impacto no ajustamento dos adolescentes. Dados de vários estudos têm mostrado que a ligação à escola é importante para o bem-estar do adolescente e constitui um importante fator de proteção contra o comportamento desviante.

A perceção de um bom ambiente escolar e de segurança, o sentimento de pertença à escola e de ligação com os colegas e com os professores são fatores importantes para o sucesso escolar.

Ao longo deste capítulo, verificou-se que são múltiplos os fatores que influenciam o desenvolvimento “positivo” ou “negativo” na adolescência. Alguns jovens apresentam características, comportamentos ou envolvimentos desfavoráveis a um desenvolvimento saudável. No entanto, nem todos os jovens que entram em comportamentos desviantes se tornam delinquentes.

Nem todos os jovens que fracassam na escola têm necessariamente um futuro sem esperança. Nem todos os jovens que nasceram numa família disfuncional irão constituir uma família moldada à semelhança da sua herança ou vivência.

É que existem nas pessoas ou fora delas, fatores que possibilitam ultrapassar o lado mais adverso da vida. Está-se a falar de resiliência. “

 

 

https://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/6812/1/TD_Celeste%20Sim%C3%B5es.pdf

O AutoCuidado

 

Uma vez mais, escolhemos um capítulo do livro “Não é Loucura, É Ansiedade” da Sophie Seromenho, para divulgarmos através da newsletter mensal. É sobre o autocuidado que se irá falar.

 

“O «autocuidado» é uma palavra que aparece muito agora na Internet.

É um conceito que está na moda mas que, na verdade, é de extrema importância. O autocuidado refere-se às atividades que toda a gente pode e deve realizar na promoção da sua própria saúde, prevenindo doenças ou limitando a doença, caso exista, e restaurando a saúde.

Estas atividades são realizadas sem assistência profissional, embora exista muita informação a circular sobre este tema.

 

Alimentação

Antes de me pôr a falar sobre dieta e alimentação, é importante explicar-te porque é que alimentares-te de forma adequada é crucial para teres uma boa saúde mental e reduzires a tua ansiedade.

 

Microbiota intestinal

O estudo da microbiota e do microbioma intestinal (isto é, as diferentes populações de micróbios encontrados no intestino grosso, incluindo bactérias, arqueas e vírus, bem como a quantidade desses mesmos microrganismos) tem revelado o papel fundamental que desempenham na modulação da função cerebral e da saúde mental, principalmente quando falamos de depressão e ansiedade.

Só para teres uma noção, temos três vezes mais organismos a viver nos nossos intestinos do que as células por todo o nosso corpo. Fascinante, não?

Só muito recentemente é que a ciência começou a perceber melhor as implicações dessa diversidade microbiana para a saúde mental.

Muitos estudos em humanos e animais mostraram que as vias fisiológicas que envolvem respostas inflamatórias e de stresse provavelmente desempenham um papel importante na etiologia da depressão e ansiedade.

Em relação à saúde mental em concreto, alguns estudos (Naseribafrouei,A. Et. Al. (2014)) começam a mostrar tendências interessantes.

Por exemplo, pacientes diagnosticados com depressão major têm uma composição de microbiota fecal diferente de pessoas saudáveis.

Da mesma forma, a microbiota fecal de pessoas que sofrem de perturbações de ansiedade generalizada apresentou muito menos prevalência de micro-organismos relevantes para a saúde mental.

https://www.bradescoseguros.com.br/clientes/noticias/noticia/intestino-por-que-ansiedade-da-dor-de-barriga

E agora perguntas – e com razão - «mas o que têm os intestinos e o cérebro que ver um com o outro?» E eu respondo – TUDO! O intestino é o nosso segundo cérebro e se a sua saúde estiver afetada, a nossa saúde mental também poderá estar!

A evidência tem mostrado cada vez mais que reduzir a inflamação do intestino resultará numa menor inflamação sistémica e, por consequência, numa melhor saúde mental.

O eixo cérebro-intestino é um sistema de comunicação bidirecional entre o sistema nervoso central e o trato gastrointestinal, sendo o microbioma intestinal, ou seja, a coleção de micro-organismos e seus genomas no habitat intestinal, o mensageiro entre os dois, estabelecendo a ligação por meio do nervo vago.

Estes micro-organismos que temos dentro de nós deveriam ser compostos essencialmente por bactérias boas, sendo que a sua função é sintetizar nutrientes e, lá está, neurotransmissores como a serotonina que vão ser entregues ao corpo e ao sistema nervoso central.”

 

Continuaremos na próxima newsletter.

O lado Negro da luz Moderna

 

Este mês apresentamos um estudo sobre o impacto de usar um iPad antes de ir dormir, retirado do livro “Porque dormimos?” de Matthew Walker.

“Adultos saudáveis viveram durante duas semanas num ambiente laboratorial altamente controlado. O período de duas semanas foi dividido ao meio, com duas fases experimentais diferentes por que todos os participantes passaram: (1) cinco participantes liam um livro num iPad durante várias horas antes de ir dormir (não eram permitidos outros usos no iPad, como e-mail ou navegar na Internet), e (2) cinco noites em que os participantes liam um livro em papel durante várias horas antes de irem para a cama; as duas condições foram atribuídas aleatoriamente entre os participantes que passavam primeiro por uma experiência ou outra.

Comparando com a experiência de leitura em papel, ler num iPad suprimia a libertação da melatonina em mais de 50% por noite. Na verdade, ler no iPad atrasava a libertação de melatonina em cerca de três horas, em relação ao aumento natural nos mesmos participantes quando liam em papel. Quando liam no iPad, o ponto máximo de melatonina, logo a instrução para dormir, só era atingido às primeiras horas da madrugada, em vez de se fazer sentir antes da meia-noite.

Mas ler no iPad mudou realmente a quantidade/qualidade de sono para lá da libertação da melatonina? Mudou, sim, em três aspetos preocupantes. O primeiro, os participantes perdiam uma quantidade significativa de sono REM depois de lerem no iPad. Segundo, os participantes sentiam-se menos descansados e mais sonolentos no dia seguinte a terem lido no iPad. O terceiro foi um efeito mais duradouro, porque os participantes sofriam um desfasamento de 90 minutos no aumento dos níveis da melatonina noturna durante vários dias.

Usar aparelhos com luzes LED de noite afeta os nossos ritmos naturais de sono, a qualidade de sono e quão alerta nos sentimos durante o dia.

Devido à sua omnipresença, as soluções para limitar a exposição à luz noturna artificial são um grande desafio. Um bom começo é criar uma iluminação difusa e baixa nas divisões em que passarmos as horas depois de entardecer. As melhores luzes para a noite são as que criam pequenos pontos de luz ambiente.”

 

Conselhos retirados do site da Endesa

Há um segredo para iluminar cada divisão?

Não existe segredo. Apenas algumas questões que precisamos ter em conta antes de decidirmos comprar as lâmpadas e os candeeiros adequados para cada uma das divisões.

 


Por exemplo: Que cuidados devo ter no quarto?

O quarto é a divisão da casa que escolhemos para descansar e recarregar baterias. Por isso mesmo a iluminação escolhida deve ajudar a criar um ambiente livre dos stresses o dia a dia, inspirar tranquilidade e descontração.

Por isso, existem várias opções além do tradicional candeeiro de teto. Pode optar por candeeiros dos dois lados da cama. Podem ser candeeiros de mesa, pendentes ou até candeeiros de parede. Pode também optar por ter um candeeiro de pé num dos cantos do quarto como uma fonte de iluminação complementar, para atividades como a leitura.

Se contarem com um braço articulado melhor ainda, uma vez que permitem otimizar a sua utilização consoante as suas necessidades, sejam elas navegar na internet ou ver televisão.

A luz deve ser amarela, por transmitir uma sensação de calor, proximidade, o que queremos sentir num espaço deste género.

https://www.endesa.pt/particulares/news-endesa/poupan%C3%A7a/como-iluminar-cada-divis%C3%A3o-da-sua-casa