“ A exposição das crianças ao Fumo Ambiental
Tabaco (FAT) em casa e no carro é elevada e está associada com a prevalência de
consumo de tabaco pelos pais, com o facto de habitarem com fumadores e com o
nível socioeconómico dos pais.
Apesar de haver regras para o
comportamento de fumar em casa e no carro, estas não evitam a exposição das
crianças ao FAT. Especialmente grave é a prevalência de crianças asmáticas
expostas.
https://www.antenaminho.pt/noticias/uma-em-cada-dez-criancas-expostas-a-fumo-de-tabaco-em-casa-e-no-carro/2822
O estudo de Pargana et al., (2001), com
vista a determinar a influência da exposição ao FAT e à exacerbação das crises
de asma infantil, revelou que o comportamento tabágico dos pais é um relevante
fator de risco na saúde das crianças.
Ainda que a natureza do estudo não nos
permita concluir a existência de uma relação causal entre asma e a exposição, a
prevalência de consumo de tabaco na presença destas crianças é um dado de
relevante importância.
Face a estes resultados, é relevante
implementar medidas eficazes de controlo de tabagismo, promovendo a adoção de
comportamentos que evitem a exposição das crianças ao FAT em casa e no carro,
prevenindo a iniciação do comportamento tabágico e apoiando a cessação do
comportamento em adultos jovens.
A diminuição da prevalência do tabagismo
dos pais será um fator muito importante na prevenção da exposição das crianças
ao FAT.
As políticas de controlo de tabagismo
deverão privilegiar as medidas integradas e dirigidas aos grupos sociais mais
vulneráveis. Campanhas de educação para a saúde focando os malefícios da exposição
ao FAT e a vulnerabilidade das crianças devem constituir-se como uma
prioridade.
Neste âmbito, torna-se relevante discutir
falsos mitos e crenças associados à exposição, como por exemplo: “fumar no
carro, quando a criança não está presente, evita a contaminação pelo FAT” ou
“fumar na cozinha ou à janela não expõe a criança ao FAT”.
A escola, a comunidade e os profissionais
de saúde deverão atuar proativamente e colaborar para que este objetivo seja
alcançado. A nível de políticas de saúde, considera-se imperioso que o
legislador proíba o ato de fumar no interior de um automóvel pessoal, tal como
já acontece nos transportes públicos.
A prevenção do consumo de tabaco passa
também pela criação e implementação de programas preventivos, como o programa
Domicílios Sem Fumo, desenvolvido em Braga, e que está a ser melhorado no
âmbito do projeto de que este estudo faz parte.
O Domicílios Sem Fumo é um programa de
prevenção da exposição das crianças ao FAT, inspirado numa intervenção
desenvolvida pela U.S. Environmental Protection Agency: The ABCs of Secondhand
Smoke – Training Module for Child Care Providers (2004).
https://slideplayer.com.br/slide/1251313/
Tem como principal finalidade aumentar o
número de pais/mães que não fumam e/ou não permitem que se fume em casa e no
carro, capacitando os alunos a protegerem-se desta agressão, sendo estes os
promotores da mudança de comportamento dos pais.
O programa foi desenhado para ser aplicado
em contexto escolar, na sala de aula, pelos professores, que recebem formação
prévia para o efeito e é constituído por cinco sessões:
1. Pequena abordagem aos perigos do fumo
ativo e passivo do tabaco (foi fornecida aos professores uma apresentação sobre
o tema);
2. Elaboração, pelas crianças, de pequenos
trabalhos (cartas, desdobráveis e fundamentalmente um dístico de não fumador)
para a escola enviar aos pais fumadores;
3. Exercícios de role-playing, em díades
de alunos, nos quais um representa o papel de criança e outro de pai/mãe, onde
a criança tenta convencer o pai ou mãe a não fumar em casa;
4. Envio de um desdobrável aos pais sobre
fumo ativo e passivo;
5. Assinatura de uma declaração entre pai
e filho, em que o primeiro se compromete com a criação de um domicílio sem
fumo.
No que respeita aos profissionais de
saúde, como defende a pediatra Henedina Antunes (Antunes, Campos &
Precioso, 2011), “o papel do pediatra é dedicar tempo a falar com os pais (…) e
ajudá-los a adoptar estratégias para não fumarem no domicílio e no carro, ou
idealmente, não fumarem” (p. 178).
É fundamental abordar este tema nas
consultas, assim como se abordam outros fatores de risco, pois trata-se de
momentos chave de intervenção breve.
Os profissionais de saúde (médico de
família, pediatra, obstetra, pneumologista, entre outros), enquanto agentes privilegiados
de educação e promoção da saúde, devem ter um papel preponderante na
sensibilização dos pais para que não fumem, pelo menos em casa, devendo as
escolas de formação incluir no seus curriculos, como estabelece a lei, a
temática da prevenção e do tratamento do uso e da dependência do tabaco.
Fonte: transcrição da conclusão de:
http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/65387/1/DGS_Relat%C3%B3rio%20de%20Estudo%202018_Preval%C3%AAncia%20de%20crian%C3%A7as%20portuguesas%20dos%200%20aos%2010%20anos%20expostas%20ao%20fumo%20ambiental%20do%20tabaco%20em%20casa%20e%20no%20carro.pdf