“O seu ritmo circadiano de 24 horas é o primeiro de
dois fatores que determina a vigília e o sono. O segundo é a pressão do sono.
Neste preciso instante, há um químico que se acumula no cérebro e que se chama
adenosina.
Uma das consequências do aumento da adenosina no
cérebro é o aumento da vontade de dormir. Através de um inteligente efeito
duplo, as concentrações elevadas de adenosina diminuem simultaneamente o
«volume» das regiões cerebrais que promovem a vigília e aumentam a atividade
das regiões cerebrais que induzem o sono. Como resultado desta pressão química
para o sono, quando a concentração de adenosina atinge o seu ponto máximo,
segue-se um impulso irresistível para a sonolência. Acontece à maior parte das
pessoas depois de entre as 12 a 16 horas acordadas.
No entanto, é possível acalmar
artificialmente os sinais de sono enviados pela adenosina ao recorrer a um
químico que faz com que se sinta mais alerta e desperto: a cafeína. A cafeína
não é um suplemento alimentar. Pelo contrário, é o estimulante psicoativo mais
usado (e abusado) em todo o mundo.
https://magg.sapo.pt/atualidade/atualidade-internacional/artigos/em-1995-a-nasa-colocou-aranhas-sob-o-efeito-de-drogas#&gid=1&pid=4
A cafeína – não existe apenas no café, mas também em
alguns chás e muitas das bebidas energéticas, chocolate negro e gelados, assim
como em comprimidos para a perda de peso e analgésicos – é um dos culpados mais
comuns no impedimento das pessoas adormecerem com facilidade e em dormirem
profundamente depois; esta ocorrência é tipicamente disfarçada de insónia, que
na verdade é uma condição médica.
O «impulso» da cafeína acaba por se desvanecer. Ela é
eliminada do seu sistema através de uma enzima presente no fígado que se vai
degradando com o tempo. Amplamente baseado em fatores genéticos, algumas
pessoas têm uma versão melhor desta enzima (citocromo) que decompõe a cafeína.
O processo de envelhecimento também altera a
velocidade de eliminação da cafeína.”
Fonte: Walker, Matthew; Porque dormimos?; Men’s Journal, fevereiro 2019,
978-989-8892-25-6 Pág 37 a 41